Quem desembarca no pequeno aeroporto de Memphis, nos Estados Unidos, dificilmente tem a dimensão do que acontece por ali no período noturno. Especialmente no espaço de 3,5 mil hectares pertencente à Fedex, uma das maiores empresas de encomendas expressas do planeta, com receita de US$ 45,6 bilhões em 2014. O ritmo é tão ou mais frenético que o de um aeroporto gigantesco como o Heathrow, em Londres, o JFK, em Nova York, ou o de Cumbica, em São Paulo. Só que, ao contrário dos demais, em vez de passageiros, as cabines da frota de quase 140 aeronaves que aterrissam a partir das 21h30, com intervalos mínimos, vêm recheadas com cinco milhões de pacotes.

Eles são classificados, separados e enviados para seu destino final. Mas, no que depender da divisão da Fedex que cuida da América Latina e do Caribe, o ritmo agitado não será mais exclusividade da matriz. Uma boa amostra disso tem sido os inúmeros investimentos feitos na região. O mais recente deles foi o Fedex Hub Nacional México, na região metropolitana da Cidade do México, no qual foram aplicados US$ 48 milhões e que começou a operar em abril. “Trata-se do mais moderno centro de encomendas expressas da empresa no continente, com capacidade para processar 13,5 mil pacotes por hora”, afirma Juan Cento, presidente regional da Fedex Express para América Latina e Caribe.

Assim como o México, o Brasil também está no topo das prioridades da empresa americana. Isso ficou mais evidente a partir de 2012, quando anunciou a compra da pernambucana Rapidão Cometa, com faturamento anual de cerca de R$ 1 bilhão. A transação, a maior desde 1989, quando comprou a americana Flying Tigers, fez com que a Fedex desse um salto exponencial por aqui em todos os quesitos. Do número de funcionários, que passou de 622 para dez mil, até o volume de encomendas que se multiplicou por dez, o que acabou desencadeando uma série de investimentos em infra-estrutura para dar suporte às suas operações.

A lista inclui desde a aquisição de 500 veículos para modernização da frota até a abertura de centros de recepção e distribuição de encomendas, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte. Mais. Também levou à criação de uma ferramenta de gestão e processamento de encomendas específica para as necessidades de pequenas empresas. Cento não revela os valores envolvidos nesses projetos, nem mesmo quanto a região já representa no bolo total das receitas da empresa. No entanto, destaca que o volume é expressivo.

“Para termos sucesso no País precisamos estar comprometidos em encontrar soluções para os problemas locais, fazer investimentos de longo prazo e investir em pessoas e tecnologia”, diz. O executivo destaca que suas metas para o Brasil são ambiciosas. “Estamos construindo no País uma rede doméstica de coleta e entrega similar à que temos nos Estados Unidos.” Com a infraestrutura herdada da Rapidão Cometa e os novos pontos de atendimento, hoje a Fedex atua em 5,3 mil cidades, onde se concentram 95% do Produto Interno Bruto (PIB).

Essa estrutura servirá tanto para atender o consumidor pessoa física como também as empresas. E é nesta última vertente que a equipe comandada por Cento vem fazendo suas mais pesadas apostas. Duas delas se destacam: o Centro de Distribuição do Cone, em Cabo de Santo Agostinho, e o terminal alfandegário no Porto de Suape, ambos situados na região metropolitana do Recife. Mais que apenas entregar pacotes, a Fedex quer se tornar um operador logístico de destaque por aqui. Sobre os gargalos logísticos existentes na região, especialmente no Brasil, além da redução do ritmo de crescimento da economia, o presidente da divisão América Latina da Fedex é categórico.

“Problemas de infraestrutura existem em muitos países e não somente na América Latina”, afirma. “Em relação ao Brasil, é importante dizer que o País tem trabalhado para melhorar a situação.” Pode apostar que Cento sabe o que está dizendo. Afinal, apenas no Brasil, sua equipe comanda cerca de mil veículos, especialmente caminhões, que rodam pelas estradas de norte a sul. “Apoiamos as melhorias e queremos ser parceiros da indústria em prol das reformas alfandegárias que venham a simplificar e facilitar o fluxo de comércio do Brasil com o Exterior.”