15/12/2004 - 8:00
O enólogo francês Pascal Chatonnet, uma das maiores autoridades no mundo do vinho, definiu as características do Altair, a mais recente safra de sua autoria. ?A cor é intensa, há notas quentes de madeira e o final tânico é bem persistente.? É uma mescla de 86% de cabernet sauvignon, 7% de carménère e 7% de merlot. Preço da garrafa: R$ 380. ?É extremamente sofisticado, elegante e delicioso?, resume Arthur Azevedo, presidente da Associação Brasileira de Sommeliers de São Paulo. ?Ele já nasce com pedigree?. E bota pedigree nisso. O Altair, batizado em homenagem a uma estrela da constelação de Águila, é fruto da parceria de dois dos maiores bilionários do planeta. A dupla: o francês Laurent Dassault, herdeiro do conglomerado industrial cujos negócios vão de aviões de combate Mirage a investimentos no setor de imóveis, e o chileno Guillermo Luksic, um dos proprietários do gigante Quiñenco, um grupo com tentáculos no setor de mineração, financeiro e telefonia. ?Não há nenhum outro negócio como a fabricação de vinho?, disse Luksic à DINHEIRO. ?Produzir a bebida é uma arte.?
ARTESANAL O Altair é uma mescla de uvas cabernet sauvignon, carmènére e merlot. Com sabor final persistente, cada garrafa custa R$ 380. Os magnatas gostam de frisar que o Altair é apenas um negócio, destinado a dar lucro. Ele chega às lojas junto com um outro exemplar, o Sideral, mais barato (R$ 190 a garrafa). Por ora, contudo, a vinícola formada em 2002 é apenas uma fração reduzida do império dos dois. A Dassault fatura cerca de 4 bilhões de euros por ano. O grupo de Luksic tem um patrimônio de US$ 4,5 bilhões. Estes dois vinhos produzidos pelos bilionários rendem um faturamento de US$ 7 milhões. ?É uma produção muito especial, quase artesanal?, diz François Walewski, vice-presidente da Altair. Preparado em Cachapoal, a 100 quilômetros de Santiago do Chile, são exportados em quantidade reduzida. Isso porque apenas 2,5 mil caixas são embaladas por ano, o que torna a bebida exclusiva.
A idéia de juntar as duas fortunas em um vinho de excelência surgiu quando a dupla jogava pólo. Entre uma partida e outra, os dois descobriram a paixão em comum. Laurent aprendeu a apreciar a bebida com o avô Marcel Dassault aos 10 anos de idade. ?Hoje bebo três copos de tinto no almoço e três no jantar?, diz Laurent. ?Só não tomo no fim de semana?, brinca. A família Dassault é, desde 1955, dona do Château Dassault, em Saint-Emilion, na França. Guillermo Luksic também tem a sua própria vinícola, a San Pedro. Mas porque um francês, com um rótulo respeitado em todo o mundo, se uniria a um produtor chileno? ?Produzir vinho no novo mundo é um grande desafio?, diz Laurent. ?Agora, como já fez meu avô na França, estou construindo a minha história.?
GIGANTES DOS NEGÓCIOS
US$ 4 bilhões é o faturamento estimado do grupo francês Dassault, que fabrica os aviões Mirage
US$ 4,5 bilhões é quanto valem as empresas do chileno Quiñenco, com tentáculos na mineração e telefonia
US$ 7 milhões são as receitas geradas com a venda
dos vinhos Altair e Sideral