11/06/2008 - 7:00
DE TEMPOS EM TEMPOS, surgem estilistas que são consagrados pela crítica internacional e por jornalistas de moda. É difícil, porém, encontrar talentos que criem algo novo, que revolucionem o modo de vestir. Passaram-se décadas e os ícones continuam os mesmos. A dama Coco Chanel (1883-1971) é lembrada até hoje como a mulher que criou o tailleur. Christian Dior (1905-1957) virou sinônimo do new look. No último dia 1º de junho, mais um estilista entrou nesse rol de mitos. Yves Saint Laurent, o criador do vestido trapézio (1958), do smoking feminino (1966), das botas de salto alto com cano acima do joelho e das roupas transparentes (1968), deu seu último passo rumo à imortalidade. Ele faleceu em sua casa, em Paris, devido a complicações causadas por um câncer no cérebro. “Ele transformou a moda nos anos 60 e 70”, diz Costanza Pascolato, celebrada consultora de moda. “Foi o inventor do prêt-à-porter de luxo que conhecemos hoje.” Mais do que criar tendências, ele construiu um império. Em 1999, Yves Saint Laurent vendeu sua marca para o grupo Pinault- Printemps-Redoute (PPR), dono da Gucci, por US$ 1 bilhão.
Hoje, a marca que leva o seu nome possui 45 lojas espalhadas pelo mundo e fatura ? 221,3 milhões por ano. Os números, na verdade, são frios diante das contribuições que o estilista deixou para os guarda-roupas femininos. Uma trajetória que começou cedo. Nascido na Argélia, em 1936, Yves Saint Laurent iniciou seu trabalho na moda aos 17 anos na maison Christian Dior, em Paris. Em 1957, após a morte de seu mentor, o estilista, com apenas 21 anos, assumiu a criação da marca francesa até abrir seu próprio negócio, em 1961. Assim nascia a grife Yves Saint Laurent. A partir daí, o céu foi o limite para ele. Além de sua principal criação, o smoking feminino, Saint Laurent se destacou por outras inovações, como seus vestidos inspirados na arte do pintor Mondrian, suas jaquetas de couro preto, seus lenços e xales.
Apesar do sucesso, sua trajetória profissional, assim como a sua vida pessoal, foi marcada por altos e baixos. Em 1993, depois de ver o seu faturamento cair em mais de 50%, o estilista passou o controle de sua empresa para o grupo industrial francês Elfi-Sanofi por US$ 650 milhões. Seis anos mais tarde, o conglomerado de luxo Pinault-Printemps- Redoute, dono da Gucci, comprou a maison do estilista por US$ 1 bilhão. Quatro anos depois, Saint Laurent se aposentou. “Até hoje, as criações de Yves Saint Laurent influenciam desfiles de outras marcas”, analisa Patrícia Sant’Ana, professora de história da moda da Universidade Anhembi Morumbi. “O segredo do sucesso do artista foi criar suas coleções na hora certa”, completa Costanza Pascolato. Um legado que nunca será apagado.