26/02/2003 - 7:00
Se tudo sair como o presidente George Bush tanto quer, tropas americanas invadirão um ultra-secreto quartel-general em Bagdá e destronarão Saddam Hussein a bala. Antes de ser preso (ou morto), porém, o ditador iraquiano terá uma surpresa a mais: na sua frente estarão os soldados mais fashion da história. É que alguns componentes do uniforme das forças de elite do Exército dos Estados Unidos vêm sendo feitos pela californiana Oakley, a marca de óculos escuros preferida de dez entre dez surfistas. A empresa acaba de concluir o projeto da última encomenda dos militares ? uma botina indestrutível. Ela é toda preta, impermeável e à prova de fogo. Pesa 300 gramas e tem design esportivo, com direito a sistema de absorção de impactos como o dos tênis mais modernos. Levou um ano para ficar pronta e foi testada em todas as superfícies e climas imagináveis: no deserto, na cidade, na montanha, na selva, sob chuva, neve…
O calçado chegará às lojas ainda este ano, em tiragem limitada, por US$ 230. Trata-se de um dos raros produtos que a companhia criou seguindo especificações técnicas das Forças Armadas. A maioria ? relógios, mochilas e óculos escuros ? é composta dos mesmos itens usados por civis em mais de 70 países. No momento, os técnicos da empresa se debruçam sobre o projeto de uma lente capaz de proteger os olhos contra queimaduras provocadas por miras a laser. ?A nossa divisão militar é pequena?, conta o peruano Luis Miguel Rios, gerente internacional da marca. ?Nos dá mais prestígio do que dinheiro?, completa, dizendo-se proibido de informar quanto a área representa do faturamento de US$ 470 milhões anuais.
Fundada em 1975 e considerada uma das marcas mais luxuosas do planeta, a Oakley ganhou notoriedade com os desenhos espalhafatosos de seus óculos de sol. Mas é a qualidade ótica e a resistência de suas lentes e armações que impressionam os militares americanos desde o primeiro contrato, há 15 anos. ?Somos os únicos fabricantes do segmento de moda aprovados em testes desenvolvidos nos EUA para experimentar óculos de segurança, como os usados na indústria pesada?, diz Salvador Parisi, gerente geral da empresa no Brasil. Um desses testes consiste em lançar um esfera de aço a 165 km/h contra um par de óculos. No produto da concorrência, as lentes se esfarelam como biscoito. Num Oakley, elas amortecem a bolinha como um colchão e não se estilhaçam.
Dois mil pares da nova bota já foram enviados às tropas de elite que atuarão na possível guerra contra o Iraque. E a produção continua a todo vapor em alguma fábrica secreta nos EUA. Segundo Erick Poston, coordenador de assuntos militares da Oakley, elas não vão decepcionar: ?Essas botas nasceram para fazer a diferença entre o soldado que volta para casa depois de um dia de trabalho e o que não volta.?