09/11/2010 - 6:14
O presidente americano, Barack Obama, retornou nesta terça-feira à Indonésia, de onde partiu há 39 anos, depois de ter passado parte da infância no país, em uma visita oficial que pode ser encurtada pelas erupções do vulcão Merapi.
“Bem-vindo a sua casa!”, “Barry volta para casa”, “Está aqui, finalmente”: a imprensa indonésia saudou assim o “retorno” do presidente dos Estados Unidos, que viveu dos seis aos 10 anos em Jacarta, com a mãe americana e o padrasto indonésio.
A visita, que foi cancelada duas vezes desde o início do ano, gerou muitas expectativas neste arquipélago do Oceano Índico, onde Obama é muito popular.
O presidente americano chegou a Jacarta no meio da tarde, na segunda etapa de uma viagem pela Ásia, depois da Índia. Ele deve passar 20 horas em Jacarta, que mobilizou 8.500 policiais e militares para proteger Obama.
A visita, no entanto, pode ser encurtada por culpa do vulcão Merapi, que continua em erupção a 400 quilômetros da capital.
“É possível que tenhamos que deixar a Indonésia algumas horas antes do previsto pelos riscos gerados pelas cinzas vulcânicas”, afirmou o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, a bordo do avião presidencial Air Force One.
Após a visita à Indonésia, Obama viajará para a Coreia do Sul, onde participará da reunião de cúpula do G20.
Após o desembarque, Obama seguiu imediatamente para o palácio presidencial para um encontro com o colega Susilo Bambang Yudhoyono, que governa há cinco anos a terceira maior democracia (depois de Índia e Estados Unidos) e o maior país muçulmano do mundo.
Os dois devem assinar um “acordo global”, negociado há mais de um ano, para reforçar a cooperação na área da segurança, um tema chave para os Estados Unidos pela situação estratégica da Indonésia.
Mas o acordo também inclui temas econômicos, a luta contra o desmatamento e intercâmbios universitários.
“Indonésia e Índia são duas potências emergentes e democráticas que os Estados Unidos consideram pilares de seus interesses estratégicos para o século XXI”, explicou Ben Rhodes, conselheiro adjunto de Obama para segurança.
A Indonésia busca construir com os Estados Unidos uma relação de igual para igual, que permita elevar o país ao posto de maior potência econômica do sudeste asiático.
Com 240 milhões de habitantes e rica em matérias-primas, a Indonésia pode mostrar-se exigente por ser um ponto cobiçado por muitos países, especialmente a China, que deseja investir na infraestrutura, nos recursos energéticos e nas minas do país.
Durante a rápida visita, Obama não terá tempo de mostrar à esposa Michelle a casa onde morou e as duas escolas que frequentou entre 1967 e 1971. Mas é possível que se reúna com antigos colegas, com os quais jogava futebol ou perseguia galinhas, que recordarão o apelido de Obama quando criança, “Barry”.
O programa inicial prevê para a manhã de quarta-feira uma visita de Obama à grande mesquita de Jacarta, um gesto significativo no país com o maior número de muçulmanos do mundo. Em seguida, o presidente americano fará um discurso em uma universidade da capital, durante o qual pretende defender as boas relações entre seu país e o islã.
A visita acontece em um contexto difícil para o país asiático, afetado por duas catástrofes naturais nas duas últimas semanas – um tsunami e a erupção do Merapi -, que provocaram mais de 500 mortes e deixaram milhares de desabrigados.
col-jri/fp/ap