O presidente americano, Barack Obama, retornou nesta terça-feira à Indonésia, de onde partiu há 39 anos, depois de ter passado parte da infância no país, em uma visita oficial que pode ser encurtada pelas erupções do vulcão Merapi.

“Bem-vindo a sua casa!”, “Barry volta para casa”, “Está aqui, finalmente”: a imprensa indonésia saudou assim o “retorno” do presidente dos Estados Unidos, que viveu dos seis aos 10 anos em Jacarta, com a mãe americana e o padrasto indonésio.

A visita, que foi cancelada duas vezes desde o início do ano, gerou muitas expectativas neste arquipélago do Oceano Índico, onde Obama é muito popular.

O presidente americano chegou a Jacarta no meio da tarde, na segunda etapa de uma viagem pela Ásia, depois da Índia. Ele deve passar 20 horas em Jacarta, que mobilizou 8.500 policiais e militares para proteger Obama.

A visita, no entanto, pode ser encurtada por culpa do vulcão Merapi, que continua em erupção a 400 quilômetros da capital.

“É possível que tenhamos que deixar a Indonésia algumas horas antes do previsto pelos riscos gerados pelas cinzas vulcânicas”, afirmou o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, a bordo do avião presidencial Air Force One.

Após a visita à Indonésia, Obama viajará para a Coreia do Sul, onde participará da reunião de cúpula do G20.

Após o desembarque, Obama seguiu imediatamente para o palácio presidencial para um encontro com o colega Susilo Bambang Yudhoyono, que governa há cinco anos a terceira maior democracia (depois de Índia e Estados Unidos) e o maior país muçulmano do mundo.

Os dois devem assinar um “acordo global”, negociado há mais de um ano, para reforçar a cooperação na área da segurança, um tema chave para os Estados Unidos pela situação estratégica da Indonésia.

Mas o acordo também inclui temas econômicos, a luta contra o desmatamento e intercâmbios universitários.

“Indonésia e Índia são duas potências emergentes e democráticas que os Estados Unidos consideram pilares de seus interesses estratégicos para o século XXI”, explicou Ben Rhodes, conselheiro adjunto de Obama para segurança.

A Indonésia busca construir com os Estados Unidos uma relação de igual para igual, que permita elevar o país ao posto de maior potência econômica do sudeste asiático.

Com 240 milhões de habitantes e rica em matérias-primas, a Indonésia pode mostrar-se exigente por ser um ponto cobiçado por muitos países, especialmente a China, que deseja investir na infraestrutura, nos recursos energéticos e nas minas do país.

Durante a rápida visita, Obama não terá tempo de mostrar à esposa Michelle a casa onde morou e as duas escolas que frequentou entre 1967 e 1971. Mas é possível que se reúna com antigos colegas, com os quais jogava futebol ou perseguia galinhas, que recordarão o apelido de Obama quando criança, “Barry”.

O programa inicial prevê para a manhã de quarta-feira uma visita de Obama à grande mesquita de Jacarta, um gesto significativo no país com o maior número de muçulmanos do mundo. Em seguida, o presidente americano fará um discurso em uma universidade da capital, durante o qual pretende defender as boas relações entre seu país e o islã.

A visita acontece em um contexto difícil para o país asiático, afetado por duas catástrofes naturais nas duas últimas semanas – um tsunami e a erupção do Merapi -, que provocaram mais de 500 mortes e deixaram milhares de desabrigados.

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