26/08/2022 - 14:24
Até 2030, 30% dos adultos e 3,8% das crianças estarão obesas, de acordo com a Federação Mundial de Obesidade, que atribui o consumo de ultraprocessados como uma das causas.
Um estudo do Datafolha, de 2020, mostra que o consumo desses alimentos saltou de 9% para 16%, em adultos acima dos 45 anos, e de 30% para 35% entre os mais jovens. Os preferidos da população são salgadinhos, biscoitos recheados e bebidas açucaradas, como lácteas e achocolatados.
Esses alimentos têm altas quantidades de farinhas, açúcares refinados, gordura vegetal hidrogenada, sódio, corantes, aromatizantes e emulsificantes artificiais. Esses aditivos são utilizados para aumentar a palatabilidade (sabor, textura, cheiro), estimular o consumo e prolongar o tempo de validade (também conhecido como shelf life, ou tempo de prateleira do produto).
Todos os aditivos que compõem o produto ultraprocessado estão diretamente relacionados ao aumento do peso corporal, maior propensão e/ou agravamento de câncer, disfunções em glicemia, insulina e pressão. Isso se deve ao fato da maioria deles (farináceos, açúcares refinados e gordura vegetal hidrogenada) apresentarem as chamadas “calorias vazias”, que não agregam nutrientes e ainda incorrem em alterações metabólicas de carboidratos e gorduras.
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O consumo frequente desses alimentos também tem a capacidade de alterar a microbiota intestinal e aumentar o risco de disbiose (desequilíbrio de bactérias) e todas as condições clínicas e/ou doenças ligadas ao intestino.
Os alimentos ultraprocessados são saborosos e têm bons preços. Além disso, muitas crianças crescem consumindo esses produtos, aumentando a chance de consumi-los ao longo da vida.
Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) mostra que pessoas que consumiram mais de 20% das calorias diárias em ultraprocessados tiveram um impacto negativo de aproximadamente 30% em sua cognição, ou seja, no que se refere ao conhecimento (pensamento, memória, percepção, linguagem e atenção).
O ideal é que maior parte da dieta seja composta por alimentos in natura ou minimamente processados. “A redução do consumo de ultraprocessados deve respeitar a premissa do ‘descasque mais e desembale com consciência’. Além disso, é preciso buscar informação de fontes confiáveis para que nós, consumidores, estejamos munidos de conhecimento para fazer boas escolhas frente à crescente propagação dos ultraprocessados”, esclarece Adriana Zanardo, nutricionista e consultora da Jasmine Alimentos.
Zanardo destaca que “nenhum alimento e/ou produto tem indicação de consumo livre, pois cada consumidor possui necessidades, condições clínicas, histórico pessoal e familiar específicos”.