08/08/2025 - 11:44
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a EMS firmaram dois acordos nesta semana, em um evento realizado em Brasília, para a produção nacional de liraglutida e semaglutida, medicamentos usados no tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2.
A liraglutida já está sendo produzida pela EMS e comercializada pela empresa nas farmácias do País. A semaglutida, cuja patente permanece em vigor até 2026, só deve começar a ser fabricada pela farmacêutica no ano que vem.
Os acordos preveem a transferência de tecnologia da EMS, tanto da síntese do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) quanto da produção do medicamento final, para o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos), unidade técnico-científica da Fiocruz.
A medida é considerada um passo para a incorporação dos medicamentos ao Sistema Único de Saúde (SUS), que atualmente não oferece fármacos para o tratamento da obesidade. No primeiro semestre, o Ministério da Saúde colheu depoimentos de pacientes sobre o uso da liraglutida (Saxenda) e da semaglutida (Wegovy,Ozempic) e, em janeiro, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, afirmou que pretendia oferecer a semaglutida como opção de tratamento na rede pública na cidade.
Em um primeiro momento, a produção será realizada na fábrica da EMS, localizada em Hortolândia, no interior de São Paulo, e posteriormente será transferida para o Complexo Tecnológico de Medicamentos de Farmanguinhos, no Rio de Janeiro.
“Este é um marco histórico para a EMS e para a indústria farmacêutica brasileira. Desenvolver, registrar e produzir medicamentos de alta complexidade com tecnologia 100% nacional, e agora transferi-la à Fiocruz, reafirma nosso compromisso com a inovação”, diz Carlos Sanchez, presidente da EMS, em comunicado à imprensa.
Para a vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Priscila Ferraz, a iniciativa contribui para diversificar os parceiros e ampliar o portfólio de produção da instituição. “Ao unir forças com parceiros públicos e privados, somamos excelência e inovação”, afirma em nota.
Medicamentos nacionais
Na segunda-feira, dia 4, as primeiras canetas de produção nacional à base de liraglutida chegaram às farmácias do País. São dois produtos, o Olire (para obesidade) e o Lirux (para diabetes), com preços a partir de R$ 307,26. Ambos são fabricados pela EMS. A produção foi possível após a queda das patentes, pertencentes à farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk.
O Olire e o Lirux têm a liraglutida como princípio ativo. A molécula imita a ação natural do GLP-1, hormônio produzido no intestino durante a alimentação que melhora a secreção de insulina pelo pâncreas e promove a sensação de saciedade. O GLP-1 atua no cérebro, reduzindo o apetite, e também no sistema digestivo, ao retardar o esvaziamento do estômago.
A semaglutida atua da mesma forma, mas tem uma duração maior e é mais potente. A meia-vida da liraglutida é de 13 horas e, por conta disso, ela deve ser aplicada diariamente. Já a semaglutida tem uma permanência de até sete dias no organismo e deve ser aplicada semanalmente.