A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) melhorou a sua projeção para o crescimento da economia brasileira neste ano, conforme relatório trimestral divulgado nesta quarta-feira, 4. O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve ter alta de 3,2% em 2024, acima da estimativa anterior de aumento de 2,9%. Se confirmado, o número representaria uma aceleração na comparação com o ano anterior, quando o país cresceu 2,9%.

No entanto, a organização cortou projeções para o próximo ano e vê desaceleração da atividade até 2026.

A OCDE estima que o PIB do Brasil cresça 2,3% em 2025, ante projeção anterior de 2,6%. Para 2026, a estimativa é de crescimento de 1,9%.

+ Projeção do governo de alta de 3,3% no ano deve ser revisada para cima, diz Fazenda

O relatório aponta que garantir um crescimento econômico mais forte e sustentado deve exigir reformas estruturais amplas, em um cenário de pressões inflacionárias persistentes, aperto monetário pelo BC do Brasil e desaceleração da demanda externa. Segundo a OCDE, a política fiscal expansionista tornará desafiador atingir a meta de déficit primário de no máximo 0,6% do PIB em 2024 e 2025, o que também deve ter reflexos sobre a atividade econômica.

Inflação e juros

A OCDE vê uma desaceleração mais lenta da inflação no Brasil nos próximos anos, embora ainda em trajetória de queda para a meta. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve recuar para 4,5% e 4,2%, respectivamente, ante projeções anteriores de 4,4% e 4,0%. Para 2026, a previsão é de desaceleração maior, a 3,6%.

Mas existem riscos de alta para os preços brasileiros no período, incluindo de choques climáticos que afetem os preços de bebidas e alimentos e de fatores externos que impactem preços de energia. “A inflação de serviços também pode se provar mais persistente, tendo em vista que o forte crescimento econômico e a depreciação do real podem ter efeitos mais fortes sobre os preços”, acrescenta a organização.

Para a OCDE, este cenário pede um aperto monetário maior, elevando a taxa Selic para 11,75% até a primeira metade de 2025, antes que a desaceleração da inflação permita uma retomada da flexibilização monetária. A organização prevê que os juros podem voltar a cair no fim de 2025 e atingir nível de 9,5% em 2026.

“Contudo, expectativas de inflação desancoradas podem atrasar reduções nas taxas de juros, além de outros riscos, como incertezas sobre política fiscal – que pode pesar sobre investimentos e índices de confiança”, alertou.