A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) projeta que o Produto Interno Bruto (PIB) do Peru avance 1,1% neste ano e 2,7% em 2024. Em relatório sobre o país, porém, a entidade nota que a atividade local teve perda de fôlego recente, com os efeitos da guerra da Rússia na Ucrânia, a incerteza política, a inflação elevada e as condições financeiras apertadas, bem como por episódios recentes de distúrbios sociais e condições climáticas extremas.

Como em muitas partes do mundo, a inflação é um importante foco recente no Peru. O aperto na política monetária fez com que as expectativas começassem a desacelerar, enquanto o índice cheio e o núcleo “desaceleraram, mas seguem altos”, diz a OCDE, que recomenda manutenção de postura restritiva do banco central para que a inflação retorne de modo sustentável à meta.

A OCDE menciona que a produção de cobre do Peru deve se recuperar, apoiando as exportações. A inflação, por sua vez, deve desacelerar à meta na faixa de 1% a 3% até o início de 2024, projeta. A organização nota que desastres naturais exacerbados por mudanças climáticas levaram a danos de infraestrutura, o que contribuiu para a inflação, e ainda reduz o crescimento de médio prazo. O El Niño tem se mostrado mais frequente, mas deve ser modesto neste ano, ainda que continue a ser um risco.

Em seu relatório, a OCDE menciona temas importantes para o Peru, como suas políticas fiscais “prudentes e o forte compromisso com as regras fiscais”. Por outro lado, um Estado de direito “fraco” leva a um ambiente sem estabilidade suficiente nem previsibilidade para os negócios, o que desencoraja investimentos, o comércio e o empreendedorismo.

A OCDE avalia que diminuir a informalidade deva ser uma prioridade para a economia peruana. Atualmente, 80% dos trabalhadores no país são informais, um dos níveis mais elevados da América Latina, com acesso limitado a proteções ao emprego ou a benefícios de seguridade social.

Entre suas recomendações, a OCDE defende manutenção de postura apertada na política monetária, com a política fiscal colaborando na luta contra a inflação, mantendo-se o ritmo da consolidação fiscal. Também sugere medidas para impulsionar o crescimento de longo prazo, como elevar a concorrência e identificar e combater cartéis; uma estratégia abrangente para combater de fato a corrupção, com reformas em áreas como a Justiça e em licitações; e a melhora da qualidade técnica da infraestrutura nacional. Menciona ainda no relatório medidas para promover a inflação e para promover o “crescimento verde”.