A cada visita à praia, a cena se repete: conforme a tarde cai, mais plásticos se veem na areia. No dia seguinte, tudo limpo de novo. O fenômeno não é um milagre da natureza, como alguns parecem acreditar. Ele acontece porque parte do lixo foi recolhida por prefeituras minimamente responsáveis. A outra parte, o mar engoliu. E aqui está o problema. Segundo o estudo Breaking the Plastic Wave, publicado pela Wave Pew Charitable Trusts e a Systemiq, com apoio da Fundação Ellen MacArthur e parceiros, a estimativa é que o volume adicional de plásticos jogados ao mar ultrapasse as 29 milhões de toneladas por ano em 2040. Em 2016, foram 11 milhões de toneladas. Nesse ritmo, a quantidade de plástico nas águas salgadas quadruplicará para mais de 600 milhões de toneladas nos próximos 20 anos.

Para reduzir o problema, a Fundação Ellen MacArthur elenca prioridades de ações: eliminar plásticos desnecessários de embalagens, sacolas, sacos e canudos; criar a infraestrutura necessária para ampliar a capacidade global de coletar e reciclar os itens; inovar modelos de negócio, design de produtos, materiais, tecnologias e sistemas de coleta para acelerar a transição para uma economia circular.

Além de ajudar a preservar os oceanos, sua fauna e flora, as iniciativas têm o poder de movimentar a economia. Pela estimativa da fundação, para promover ações concretas é preciso investir ao menos US$ 30 bilhões em financiamento anual para coleta e reciclagem de plásticos e outros US$ 100 bilhões em pesquisa e desenvolvimento. Em contrapartida, a economia circular dos plásticos tem o potencial de gerar cortes de custos da ordem de US$ 200 bilhões, reduzir em 25% as emissões de gases de efeito estufa e criar 700 mil empregos adicionais até 2040. A conta se paga — e os oceanos agradecem.

Evandro Rodrigues

Evandro Rodrigues

(Nota publicada na edição 1183 da Revista Dinheiro)