Movimentar o mercado de design brasileiro é a proposta de Lauro Andrade há 12 anos, desde que criou a DW! Semana de Design de São Paulo. O evento se tornou o principal do setor na América Latina e, em sua 12ª edição, planeja voltar aos patamares pré-pandemia, com expectativa de receber 50 mil pessoas entre os dias 11 e 19 de março com uma programação que soma 200 atividades e 120 marcas parceiras. Assim como já ocorreu em anos anteriores, a DW! irá se espalhar pela capital paulista com ativações, palestras, lançamentos e exposição de trabalhos autorais de produtos, arquitetura, arte e urbanismo. A inspiração, segundo Andrade, veio do Salone del Mobile, em Milão, na Itália, uma das mais tradicionais e importantes feiras do segmento no mundo. Dela nasceu o formato de ocupação e de valorização da criatividade.

Mais que uma feira, a DW! tem como característica unir os elementos que Andrade entende serem a base da potência do design nacional. Um é o criativo, profissional que pensa e desenvolve novas formas e funcionalidades. Outro, o empreendedor, que viabiliza a produção e o comércio das peças. Neste ano, essa frente é representada por empresas como a Suvinil, de tintas, e os shoppings especializados D&D e Lar Center. Por fim, entram biodiversidade e recursos naturais, que possibilitam inspirações e materiais para a produção. “Quando você junta esses três elementos, que temos em abundância, o País oferece uma agenda incrível”, disse Andrade.

Para ele, prova disso é o produto nacional ter se tornado regra na decoração. “Há uma década, o sonho do arquiteto ou designer de interiores era ter em seu projeto uma marca italiana. Hoje, em um projeto médio, 90% da especificação de produtos são de autores brasileiros, fabricados no País e vendidos por lojista nacional”.

POLÍTICA PÚBLICA Pelo fato de ocupar a cidade, o evento deixa suas marcas também no espaço urbano. Em 2014, por exemplo, a DW! foi precursora dos parklets, extensões das calçadas em vias da cidade com o intuito de promover convivência de pessoas em espaços antes destinados a estacionar carros. A ideia acabou sendo integrada como política pública durante a gestão do prefeito Fernando Haddad, hoje ministro da Fazenda.

Na visão de Andrade, o próximo passo da DW! é tornar o trabalho autoral mais democrático, uma vez que hoje ele ainda é restrito a um pequeno grupo de consumidores de alto poder aquisitivo. Segundo ele, a exemplo de mercados mais maturados, onde há oferta de peças assinadas em volume comercial, esse caminho é possível, basta paciência. “Tem muito mais a ver com o tempo de desenvolvimento dessas cadeias do que propriamente de um elitismo”, afirmou o criador da DW!.