A Avenida Marginal Pinheiros, em São Paulo, é parte da espinha dorsal do trânsito paulistano. É o local que melhor representa o caos na cidade. Por lá, passam 150 mil veículos e 1 milhão de pessoas diariamente. Mas em meio ao congestionamento brotou uma pista de off-road. São 2 mil m2 com obstáculos, morros e uma piscina com quase 1 metro de profundidade. Esta é a área de test-drive da Calmac, a recém-inaugurada concessionária da montadora inglesa Land Rover. Foram necessários 140 caminhões de terra para construir a pista. Ao que parece, surtiu efeito: em quatro dias de funcionamento foram vendidos 12 veículos e a loja se tornou uma espécie de atrativo. ?Tem gente que pára o carro na calçada para ver os jipes em ação?, diz João Caltabiano, diretor-geral da Calmac.

A idéia de criar uma pista surgiu de exaustivas conversas com apreciadores da marca. Eles mostraram que testar o carro em um terreno irregular é crucial na decisão de compra. Com as informações debaixo do braço, os executivos pisaram no acelerador. Em 70 dias, a concessionária estava pronta para funcionar com um serviço impecável. Como a pista de off-road fica ao lado da concessionária, o cliente tem mais comodidade. Ou seja, conhece os modelos em um ambiente confortável e, sem precisar se deslocar para outro ponto da cidade, percorre o trajeto repleto de obstáculos. ?Assim o motorista não perde tempo e sente como os veículos se comportam em trechos com dificuldade?, diz Caltabiano. No percurso, desenhado por especialistas, há dois Fuscas que servem como barreira. Mas para um Land Rover eles são como pequenas lombadas. Os carros passam por cima com extrema facilidade.

O conceito da Calmac ultrapassa as barreiras de uma simples venda. Dentro da concessionária foi criado o Calmac Land Club, um espaço para aficionados pela marca. Para mantê-los fiéis consumidores, a
loja chega a atacar de agência de turismo. ?Organizamos pacotes para lugares como o deserto do Atacama, no Chile?, diz Caltabiano.
A logística empregada nos roteiros é engenhosa. Um caminhão-cegonha leva os carros até o destino uma semana antes dos motoristas chegarem. Lá, eles desbravam regiões inóspitas com
relevo acidentado. Esse tipo de viagem já é usual em outros luga-
res do mundo. No ano passado, por exemplo, um grupo dos cha-
mados landeiros foi até a gelada Patagônia. ?Levaram 9 horas para percorrer um trajeto de 1 quilômetro?, diz John Peart, diretor comercial da montadora no Brasil.

O crescente interesse pelo estilo de vida aventureiro somado às novidades da marca no País têm feito as vendas dos modelos importados saltarem. ?Vamos fechar o ano com 450 carros importados. Em 2002 importamos somente 170 unidades?, diz Peart. O modelo que encabeça a lista dos mais procurados é o Freelander. O carro, uma versão menor dos jipes grandalhões, chegou ao mercado em outubro e não ficou uma semana nas vitrines. O que faz dele um objeto de desejo é a versatilidade. Alia conforto e sofisticação às qualidades de um off-road. O modelo HSE, por exemplo, vem até com aparelho de DVD. Outro ícone da marca é o Range Rover. Criado em 1970, ele passou por uma ampla remodelação e
hoje é o top de linha da montadora ao custo de R$ 346 mil cada.
Uma das características mais marcantes é a tecnologia embarcada. Há desde um mecanismo que balanceia a velocidade nos eixos de acordo com a aderência da pista à suspensão que proporciona equilíbrio em qualquer terreno irregular. É um trator com as características de um Rolls Royce.