06/06/2007 - 7:00
PARCERIA: Costa e Granadeiro falam em aliança luso-brasileira
Há sinais de pacificação no conturbado mercado nacional de telecomunicações. E a solução chegaria pelas mãos de estrangeiros. Em visita ao ministro das Comunicações, Hélio Costa, na quarta-feira 30, Henrique Granadeiro, presidente da Portugal Telecom, sinalizou que está em negociações para a compra da Telemar, um investimento avaliado em 3,5 bilhões de euros. “Nunca faremos oferta hostil. Se houver evolução é porque isso corresponde aos interesses dos acionistas da Telemar e da Portugal Telecom”, disse o executivo. Da parte da Telemar, encabeçada pelo maior elenco privado da telefonia – Sérgio Andrade (Andrade Gutierrez), Carlos Jereissati (La Fonte), e Daniel Dantas (Opportunity) -, a venda interessa, sim. E muito.
É que desde a privatização do setor, há quase dez anos, os três personagens têm travado intensas disputas de bastidores para ver quem prevalece no mercado. Com o avanço da PT, surge uma oportunidade de todos saírem de cena em alto estilo – e com muito dinheiro. Andrade tem liderado as negociações com os portugueses e cada um dos controladores privados poderia receber R$ 1 bilhão por suas ações. É o mesmo valor que tentaram levar, sem sucesso, na fracassada proposta de pulverização do capital feita há um ano e que vêm tentando repetir agora. 3,5 BILHÕES seria o valor da aquisição da Telemar.
O cenário também se costura a favor da Telefônica, que há meses deseja controlar sozinha a Vivo. Embora os portugueses rejeitem a idéia de sair da joint-venture, talvez se vejam forçados a fazê-lo, seja para levantar capital para a compra da Telemar, seja para se adequar à legislação brasileira. “A PT só conseguirá comprar a Telemar se vender um ativo do porte da Vivo”, diz Felipe Cunha, analista da Brascan Corretora.
Para completar uma resolução que agradaria a todos, os investidores públicos da Telemar – BNDES e fundos de pensão – teriam uma relação bem mais harmônica com um único sócio privado do que com três adversários que brigam entre si. E Brasília encontraria a chance de criar a tão sonhada plataforma de comunicações “de língua portuguesa”, unindo Telemar e Brasil Telecom para fazer frente aos gigantes Telmex e Telefônica. Granadeiro concorda e adianta: “Estamos disponíveis para um entendimento amigável para a construção de um pilar luso-brasileiro.” Ao que parece, todas as estrelas estão alinhadas para que o negócio ocorra.