23/09/2019 - 11:49
A disputa mundial entre EUA e China no 5G ganha um capítulo especial no Brasil. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que as gigantes China Mobile e a AT&T estariam monitorando de perto a situação da Oi, quarta maior tele brasileira, que está em recuperação judicial. As duas empresas negam publicamente o interesse.
A Oi ficou mais atrativa a potenciais compradores com a aprovação do novo marco das teles pelo Congresso. O texto, que ainda precisa ser sancionado pelo Planalto e regulamentado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), livra a tele de uma série de custos e obrigações que eram vinculados às antigas concessões de telefonia fixa da empresa.
A AT&T vem se aproximando do governo brasileiro também por outra razão. A empresa, que comprou a Warner Media, dona de canais como HBO e CNN, e precisa da autorização de órgãos reguladores para que possa atuar no Brasil – uma lei impede que uma tele detenha mais de 30% de uma produtora de conteúdo.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) é o principal defensor da mudança legal. No fim de agosto, Bolsonaro recebeu o presidente da AT&T, Randall Stephenson, que teria prometido aumentar os investimentos da gigante americana no Brasil – sem, no entanto, detalhar seus planos.
As teles americanas e chinesas estão hoje fora do mercado brasileiro – liderado pela espanhola Telefônica Vivo, pela mexicana Claro e pela italiana TIM. Sob o ponto de vista empresarial, uma forma menos arriscada de entrar no mercado brasileiro seria justamente pela compra de uma empresa que já atua no País, como a Oi.
Mesmo fora do mercado de telecomunicações, a Huawei já atua há 20 anos como uma das principais fornecedoras das operadoras. Segundo dados da Anatel, a Huawei está presente em 35% da infraestrutura das redes de telefonia móvel de 2G, 3G e 4G do País, ficando atrás apenas da sueca Ericsson. Ou seja, toda conversa ou troca de dados por redes móveis do País hoje já passa por um equipamento da gigante chinesa.
A Huawei tem ampla atuação junto ao governo, que cresceu durante as gestões petistas. Equipamentos da companhia compõem as redes e datacenters do Banco Central, Receita Federal, Ministério da Economia, além de Câmara dos Deputados e até da Justiça Federal do Panará, onde estão armazenadas as investigações da Operação Lava Jato. O “supercomputador” do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) também foi uma doação da empresa.
Indiferente à polêmica em outras partes do mundo, o grupo chinês também anunciou recentemente – ao lado do governador de São Paulo, João Doria – investimentos de US$ 800 milhões em três anos para a construção de uma fábrica no Estado. O País seria a base da companhia para a fabricação dos equipamentos de 5G para outros países latino-americanos.
A reportagem procurou a Huawei, mas todos os porta-vozes da empresa no País estariam participando de um evento global, em Xangai.
“A empresa já tem mais de 50 contratos fechados de 5G e já comercializou mais de 150 mil estações base ao redor do mundo. No Brasil, a Huawei coopera com as operadoras no sentido de preparar suas redes para, quando o leilão do 5G acontecer, seja possível implementar essa tecnologia de forma rápida, simples e eficiente”, disse a companhia em nota. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.