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MOORE, DE NOVO: em busca de histórias reais sobre os escândalos de Wall Street

BANQUEIROS LARÁPIOS E financistas fraudadores, tremei! O polêmico cineasta Michael Moore voltou seu canhão de luz sobre Wall Street. Depois de espinafrar a General Motors, a indústria das armas, o governo Bush e as empresas privadas de saúde, o satírico autor de Roger & Me, Fahrenheit 11 de Setembro, Tiros em Columbine e Sicko – $O$ Saúde quer agora iluminar o lado escuro da crise bancária nos Estados Unidos. Se depender dele, não vai sobrar pedra sobre pedra no centro financeiro de Nova York, um ícone devastado moralmente pelo estouro da bomba dos derivativos de crédito imobiliário de alto risco (subprime).

Moore está em busca de histórias reais sobre o colapso estrelado por banqueiros de investimento de casas como Lehman Brothers, Bear Stearns, Merrill Lynch, Citigroup, UBS e Credit Suisse. Está indignado com o custo da irresponsabilidade do mercado, que colocou em dificuldades milhões de americanos que perderam suas casas e viram sua aposentadoria escorrer pelo ralo das bolsas de valores. Para levantar os casos de abusos cometidos pelos bancos, ele criou um e-mail em seu site na internet. Prometeu sigilo absoluto para quem quiser ser herói e ajudá-lo com os bastidores da “maior história de crime já contada”. “Algumas pessoas de bem já apareceram, o que me leva a crer que há muitos de vocês que sabem o que está acontecendo. Aqui está sua chance de permitir aos demais cidadãos que conheçam a verdade”, escreveu Moore.

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Como Hollywood é a terra do entretenimento, provavelmente Moore vai contar muitas histórias de terror em Wall Street para atrair multidões de indignados. Não faltam culpados para o papel de pai do Trillion Dolar Baby, o plano de resgate do sistema bancário que está sendo ampliado para US$ 2,5 trilhões pelo governo Obama. Há muitos vilões nessa história. O feioso Dick Fuld, do Lehman Brothers. John Thain, da Merrill Lynch. Stanley O’Neal e Robert Rubin, do Citigroup. Jimmy Cayne, do Bear Stearns. E, claro, o charlatão Bernard Madoff, que sumiu com US$ 50 bilhões dos clientes. De carne e osso, esses banqueiros superaram os financistas sem alma do cinema, personagens como Gordon Gekko (interpretado por Michael Douglas em Wall Street – Poder e Cobiça) e Larry Garfield (Danny de Vito, em Com o Dinheiro dos Outros).

Obviamente, os vilões não agiram sozinhos. Seus exércitos de funcionários ajudaram a empurrar para investidores desavisados os pacotes de derivativos lastreados em hipotecas e contaminados por empréstimos podres, concedidos para os clientes Ninja (sem renda, sem trabalho, sem patrimônio). Moore, que tem um plano para salvar o sistema (veja quadro), quer ouvir desses personagens ocultos a confissão de como enganavam os clientes. Uma brasileira que trabalhou num titã de Wall Street e foi demitida após a crise garante que as histórias são de arrepiar. “O único interesse do banco era empurrar investimentos de maior risco, que geravam comissões mais altas. Quem indicava títulos do Tesouro não ganhava praticamente nada. Não havia controle de riscos. O sistema todo é podre”, afirmou a executiva à DINHEIRO. O Oscar 2010 promete fortes emoções.