11/08/2021 - 12:49
O ex-presidente sudanês Omar al-Bashir, que será entregue ao Tribunal Penal Internacional (TPI), governou seu país com mão de ferro por 30 anos, marcados pelo autoritarismo, corrupção e impunidade, até sua queda por pressão popular, em 2019.
O ex-ditador de 77 anos está atualmente detido na prisão Kober de Cartum, para onde enviava o seus opositores.
Omar al-Bashir desafiava há tempos o TPI, com sede em Haia. Em 2009, o tribunal lançou uma ordem de prisão por “crimes de guerra e contra a humanidade” em Darfur, região do oeste do Sudão afetada pela violência, antes de acrescentar em 2010 a acusação por “genocídio”.
O conflito em Darfur deixou mais de 300.000 mortos e 2,5 milhões de deslocados, segundo a ONU.
Em dezembro de 2018, viajou a Damasco para se reunir com presidente Bashar al-Assad, tornando-se o primeiro chefe de Estado árabe a visitar a Síria depois do início do conflito em 2011.
Sob sua presidência, o Sudão entrou em uma coalizão liderada pela Arábia Saudita, que intervém desde 2015 no Iêmen contra os rebeldes.
– Carreira militar –
Nascido em 1944 em uma família de Hosh Bannaga, cidade situada a cerca de cem quilômetros ao norte de Cartum, Bashir ficou fascinado desde muito cedo pela carreira militar.
Em 30 de junho de 1989, o general Bashir e um grupo de oficiais derrubaram o governo eleito democraticamente de Sadek al-Mahdi.
O golpe foi apoiado pela Frente Islâmica nacional, partido de seu mentor Hassan al-Turabi, que morreu em 2016 depois de se tornar um de seus piores opositores.
Sob a influência de Turabi, orientou o Sudão para o islã radical.
O Sudão é formado por múltiplas tribos e foi dividido entre o norte de maioria muçulmana e o sul, povoado por cristãos.
O Sudão se tornou o centro da internacional islamista e acolheu o chefe da Al-Qaeda, Osama bin Laden, antes de expulsá-lo em 1996 sob a pressão dos Estados Unidos.
Depois tentou se afastar do islamismo radical e se aproximar de adversários e vizinhos.
Em 2005, assinou um acordo de paz com os rebeldes do sul que abriu caminho para o compartilhamento do poder e para um referendo de independência dessa região. Em 2011, o sul conquistou a independência e o Sudão do Sul foi criado.
Bashir tem duas mulheres e não teve filhos.
Após ser eleito duas vezes presidente nas eleições boicoteadas pela oposição, em 2010 e 2015, Bashir esperava buscar mais um mandato em 2020.
Em 11 de abril de 2019, porém, foi deposto pelo Exército devido à pressão das manifestações. Até então, Bashir havia esmagado implacavelmente qualquer protesto.
Em dezembro de 2019, ele foi condenado por corrupção a dois anos de prisão. Meses depois, o governo de transição lançado após sua queda se comprometeu verbalmente a favorecer o comparecimento de Bashir perante o TPI.
Parece que chegou a hora de o ex-ditador ser responsabilizado nos tribunais.