31/03/2021 - 12:06
A Organização Mundial da Saúde recomendou, nesta quarta-feira (31), que “não se utilize a ivermectina” para os pacientes de covid-19, salvo nos ensaios clínicos – afirma a instituição em um comunicado.
A ivermectina é um medicamento antiparasitário de uso comum que tem sido bastante promovido nas redes sociais, mas que, segundo o grupo de especialistas da OMS, os dados dos estudos clínicos para medir sua eficácia contra a covid-19 não deram resultados conclusivos.
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“Nossa recomendação é não utilizar a ivermectina para pacientes com covid-19, independentemente do nível de gravidade, ou de duração dos sintomas”, frisou a chefe da equipe de resposta clínica para covid-19 da agência da ONU, Janet Díaz, em uma entrevista coletiva.
Ele ressaltou que a única exceção a esta recomendação, com base no estado atual da pesquisa, é para os testes clínicos.
Os especialistas da OMS tiraram suas conclusões de um total de 16 ensaios clínicos aleatórios com 2.400 participantes. Alguns destes ensaios compararam a ivermectina com outros medicamentos.
O número de estudos que permitem comparar a ivermectina com o placebo “é muito menor”, afirmou o dr. Bram Rochwerg, pesquisador da Universidade McMaster do Canadá e membro do painel da OMS que fez a avaliação.
Tanto Díaz quanto Rochwerg disseram que as recomendações estão “ativas” e serão atualizadas à medida que novas pesquisas confirmarem, ou expandirem, o estado atual de conhecimento.
A recomendação da OMS, a primeira sobre a ivermectina, junta-se à da Agência Europeia de Medicamentos, que, como a OMS, não recomenda seu uso – exceto em ensaios clínicos.
Sua correspondente nos Estados Unidos, a FDA (na sigla em inglês), explica em seu site, porque a ivermectina não deve ser usada.
Esta recomendação corre o risco de provocar ceticismo e indignação entre os muitos defensores deste medicamento de uso veterinário e humano, usado contra parasitas, como sarna, piolho, ou os causadores da oncocercose.
O sucesso dessa droga vem, em particular, de um estudo australiano publicado no início de 2020 que observou uma eficácia “in vitro”, ou seja, em laboratório, da ivermectina sobre o Sars-CoV-2, vírus causador da covid-19.
A ivermectina é barata e é usada com frequência em alguns países da América Latina, entre outros, e compartilha algumas características com a hidroxicloroquina. Ambas são defendidas por alguns médicos e por personalidades políticas, apesar de sua eficácia não ter sido demonstrada e de um importante ensaio clínico chegar à conclusão de que não tem efeito.