16/02/2017 - 12:48
Ataques de onças-pardas a criações de animais domésticos assustam moradores da zona rural de Piedade, no interior de São Paulo. Apenas em uma fazenda, no bairro Roseira, um ou mais felinos devoraram cinco bezerros e 58 galinhas. Houve ataques ainda nos bairros Vieirinhas e Miguel Russo – nos dois casos, além de galinhas e bezerros, sumiram porcos.
As onças deixaram pegadas no barro. Ao menos um felino foi morto, possivelmente por envenenamento. Outro foi capturado pelo Corpo de Bombeiros, mas acabou sendo libertado na mesma região.
De acordo com Paulo Monteiro, dono da fazenda Recanto Paraíso, no extremo leste de Piedade, desde o fim do ano passado, galinhas criadas soltas para produção de ovos orgânicos começaram a desaparecer. Ele conta que o predador era silencioso e sorrateiro, pois não deixava pegadas.
“Decidi prender as galinhas num viveiro e, certa noite, após ouvir o barulho da galinhada, saí e dei de cara com a onça em cima do viveiro. Era um animal forte, de 1,60 m sem contar a cauda, pesando uns 60 quilos. Acredito que era um macho, com uns cinco anos.”
O felino se assustou, deu um salto e sumiu na noite. Monteiro passou a recolher também as vacas com bezerro e viu a onça rondando a casa várias vezes. “Cheguei a fazer uma armadilha para prendê-la e chamar os bombeiros, mas não deu certo.”
Em janeiro, uma onça morreu após ser atropelada por um sitiante na estrada vicinal do bairro Miguel Russo. Outro exemplar apareceu morto, possivelmente envenenado, no bairro Dois Portões, entre Piedade e Pilar do Sul.
Ainda em janeiro, o Corpo de Bombeiros capturou uma onça-parda que invadiu a marina Belas Artes, na Represa de Itupararanga, no bairro Jurupará, em Piedade. O felino foi examinado e solto na mesma região.
Monteiro disse que nenhum desses animais era a onça-parda que atacou sua criação. “Acho que ela ainda está por lá, pois, na semana passada, ao verificar uma bomba de água, vi que um animal do mesmo porte pulou de uma árvore e correu pela capoeira.”
Segundo ele, era início da noite e havia pouca visibilidade. Antes, ele tinha avistado uma onça de coloração mais escura com filhote rondando o Recanto Paraíso e fez moldes das pegadas. Membro do Conselho de Segurança de Piedade, Monteiro notificou a Polícia Ambiental e o Instituto Chico Mendes sobre os casos.
“Sabemos que a onça é protegida pela legislação, mas é o produtor rural que acaba arcando com o prejuízo”, disse.
A Coordenadoria do Meio Ambiente de Piedade informou ter sido notificada dos ataques de onças e, sem estrutura para atender as ocorrências, recomendou que fosse acionada o policiamento ambiental.
Já a Polícia Ambiental informou que as onças capturadas na região são levadas para parques estaduais, sendo mais próximos os de Jurupará, em Ibiúna, e Carlos Botelho, em São Miguel Arcanjo.
Orientações
O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros do ICMBio, com sede em Atibaia (SP), informou que já repassou aos municípios da região orientações sobre as técnicas para evitar ataques desses predadores a animais domésticos.
De acordo com o órgão, as onças-pardas são animais arredios e temem a presença do homem, por isso luzes acesas ou apitos espantam esses felinos. Os ataques também podem ser evitados com o recolhimento dos animais em estábulos, currais e galinheiros próximos das casas durante a noite. Não caçar e proibir a caça de pequenas presas, como tatu, paca e teiú, evita que o predador ataque animais domésticos.