07/06/2020 - 12:07
Milhares de espanhóis e italianos foram às ruas neste domingo (7) para denunciar o racismo e a repressão policial no mundo, após o assassinato do afroamericano George Floyd por um policial branco em Minneapolis, nos Estados Unidos.
Em Madri, cerca de 3.000 manifestantes – conforme estimativa da polícia local – se reuniram em frente à embaixada dos Estados Unidos para condenar a morte de George Floyd, um afroamericano de 46 anos, repetindo suas últimas palavras: “Não consigo respirar”.
Também entoaram mensagens como “Não há paz sem justiça”, ou “Vocês, racistas, vocês são terroristas!”.
Em Roma, uma manifestação espontânea surgiu na famosa Piazza del Popolo, com milhares de jovens ajoelhados em silêncio e de punhos erguidos, por quase nove minutos. Este foi o tempo, durante o qual o policial manteve o joelho pressionado no pescoço de Floyd, até ele vir a falecer.
Quando se levantaram, também gritaram: “Não consigo respirar!”.
Na Tailândia, onde um protesto antirracismo foi proibido, mais de 200 pessoas participaram de um encontro virtual, conectando-se ao site de videoconferências Zoom para assistir a vídeos sobre o movimento “Black Lives Matter”. Também ergueram os punhos contra a violência policial.
– De joelhos –
Em Madri, os manifestantes se ajoelharam por um minuto em silêncio, em sinal de protesto contra os abusos policiais cometidos contra a população negra. O gesto foi iniciado pelo jogador de futebol americano Colin Kaepernick, em 2016, em um estádio, no momento em que tocava o hino dos Estados Unidos.
Na sequência, caminharam pacificamente rumo à emblemática Puerta del Sol, no coração da capital.
Para Leinisa Semedo, uma tradutora espanhola de 26 anos do Cabo Verde, “o racismo não conhece fronteiras”.
“Morei na China, em Portugal e agora na Espanha. E em todos os países onde vivi, sofri discriminação pela cor da minha pele”, desabafou.
Na manifestação em Roma, que contou com muitos migrantes africanos, Michael Taylor, originário do Botsuana, compareceu com toda sua família.
“Eu sou um africano branco e, às vezes, sinto medo e desprezo apenas porque sou estrangeiro”, disse ele à AFP. “Imagine como seriam as coisas se eu fosse negro”, completou.
“É realmente difícil viver aqui”, disse Morikeba Samate, senegalês de 32 anos, uma das dezenas de milhares de migrantes que chegaram à Itália após uma perigosa viagem pelo Mediterrâneo.
“Eles acham que somos todos ladrões”, reclamou.
Em Barcelona, no nordeste da Espanha, centenas de manifestantes lotaram a Plaza de Sant Jaume, onde está localizado o governo regional. Usando máscaras e mantendo distância uns dos outros, espalharam cartazes em inglês para denunciar o racismo na Espanha e na Europa.
A organização Comunidade Negra, Africana e Afrodescendente na Espanha (CNAAE) convocou manifestações em dez cidades do país: de Pamplona, no norte, até o arquipélago das Canárias, na costa oeste da África.
Outras marchas estão programadas para este domingo em Copenhague, Bruxelas, Glasgow e Londres – nesta última, uma passeata pacífica com milhares de pessoas no sábado terminou em confrontos.
Ontem, também houve grandes concentrações contra o racismo na França, na Alemanha, na Austrália, na Tunísia e em outros países.
A indignação que levou milhares de americanos a irem às ruas após o assassinato de George Floyd, em 25 de maio, nos EUA, espalha-se, progressivamente, pelo mundo.