08/09/2015 - 22:26
A chegada de milhares de imigrantes e de refugiados à Europa “não mudará a demografia nos continentes”, disse à AFP o especialista Gilles Pison, do Instituto Nacional de Estudos Demográficos (Ined), em resposta aos temores deflagrados por esse fenômeno.
A população mundial em 2015 deve chegar a 7,3 bilhões de habitantes e deve continuar crescendo até atingir quase 11 bilhões no final do século XXI, segundo projeções do Ined.
PERGUNTA: Que impacto pode ter na demografia mundial a chegada em massa de refugiados à Europa?
RESPOSTA: A imigração não muda fundamentalmente os dados demográficos em nível dos continentes. Além disso, atualmente, trata-se de um fluxo de refugiados, não de migrantes. Não sabemos durante quanto tempo vão permanecer em seus países de acolhida, nem quantos voltarão para casa, nem quando. Mesmo no caso dos sírios, isso pode demorar até que a situação se estabilize.
P: Há exemplos recentes da chegada de refugiados à Europa Ocidental?
R: Durante os conflitos na antiga Iugoslávia, nos anos 1990, a Alemanha acolheu cerca de 800.000 refugiados, mas uma grande parte deles, expulsa pela guerra, voltou para casa ao final do conflito. A Alemanha, que apresenta uma baixa taxa de natalidade, registra há anos um fluxo migratório importante, que continua a lhe proporcionar uma necessária mão de obra. E os refugiados de hoje em dia são, em seu conjunto, bastante jovens e com bom nível educacional”.
P: A imigração aumentou no mundo?
R: Apenas 3% dos humanos são migrantes, ou seja, pessoas residentes em um país diferente do de seu nascimento. Isso não mudou ao longo dos anos, embora o tipo de migração tenha mudado com uma inversão dos fluxos migratórios, cada vez mais do Sul para o Norte. Podemos estimar que a imigração procedente da África, onde a população aumentará fortemente nas próximas décadas, subirá. Mas é muito complicado fazer projeções, ou hipóteses sobre fluxos migratórios que possam se inverter muito rápido. Conhecemos globalmente os saldos migratórios atuais de diferentes países. Esse saldo migratório é positivo há muito tempo na Alemanha, assim como na França, onde é de cerca de 75.000 pessoas por ano nesses últimos anos.