Opções na mesa do investidor
Os juros em queda, os recordes da bolsa e a ausência de crises sugerem: é hora de ousar. Saiba como combinar as ferramentas à disposição, com maior retorno e menos risco

Mais lucro e mais risco: É hora de avançar na diversificação, abrindo mais espaço para a renda variável

 

por ALEXANDRE TEIXEIRA

Está começando, ao que tudo indica, um ano de ouro para os investimentos no Brasil. Com a promessa de queda dos juros básicos transformada em realidade, o cenário de desaquecimento suave da economia americana e a sinalização de continuidade na política econômica interna, tanto a indústria de fundos como a Bolsa de Valores se preparam para estabelecer recordes históricos. Ainda neste primeiro semestre, o patrimônio dos fundos de investimento brasileiros deverá quebrar a barreira de um trilhão de reais. Em algum momento do ano, o Ibovespa, principal índice de ações do País, tem tudo para romper a marca dos 50 mil pontos. De quebra, o mercado imobiliário ? com mais e melhores fundos, além de papéis negociados na bolsa ? é motivo para uma espécie de euforia controlada. Céu de brigadeiro, portanto? Sim, até onde se pode enxergar ? mas aí é que mora o perigo. ?A volatilidade é um monstrinho que está dormindo, mas pode acordar sem aviso?, alerta Cristiano Pardi, sócio da Arsenal Investimentos. Há quem diga que, depois de quatro anos consecutivos de alta na bolsa, pode estar chegando a hora de realizar os lucros. Outros discutem se a exuberância das 26 aberturas de capital de 2006 é ou não irracional. O conselho, portanto, é direto: aproveite este cenário novo e estimulante, com os juros mais baixos da história recente do Brasil. Mas não se empolgue!

A hora é de avançar na diversificação da carteira de investimentos, abrindo mais espaço para a renda variável. Com fundos multimercados para quase todos os gostos e bolsos, o sistema home broker (de negociações de ações pela internet, para pessoas físicas) já oferecido por 53 corretoras e a opção de comprar títulos públicos pelo Tesouro Direto, pode-se dizer que as opções estão todas na mesa do investidor. Nas próximas páginas, DINHEIRO oferece um guia para a tarefa de escolher e combinar as ferramentas hoje à disposição. Renda fixa e renda variável, sim. Dicas de ações, também. Mas também uma série de alternativas, como private equity, uma nova categoria de fundos batizada Long and Short, previdência privada, imóveis e, por que não?, arte. Os fundos mais rentáveis do ano, nas principais categorias, são apresentados em rankings elaborados pela Austin Rating.

Naturalmente, o efeito mais marcante da queda da Selic é o esvaziamento gradual dos investimentos em renda fixa. Nos últimos meses, recursos dessas modalidades migraram para fundos multimercados e cadernetas de poupança. São movimentos em direções opostas, mas que fazem todo o sentido. De um lado, está a sofisticação do mercado, com a criação de hedge funds com diferentes modelos de gestão e níveis de risco, além da oferta de multimercados ?populares? pelos bancos de varejo. De outro, o retorno aos holofotes da mais modesta das aplicações: a caderneta de poupança. Livre da mordida do Imposto de Renda e das taxas de administração, o mais conservador dos investimentos já oferece retorno líquido superior ao da maioria dos fundos DI ou Renda Fixa mais acessíveis. É, portanto, uma opção a se considerar. Mas atenção: por pressão dos bancos, o governo já estuda a revisão da remuneração da poupança.

A expressão mais repetida nesta virada de ano para definir a cara econômica de 2007 é ?mais do mesmo?. O economista Edmar Bacha, do banco Itaú BBA, resume: ?o câmbio não se move (dólar entre R$ 2,15 e R$ 2,20) e os juros básicos caem só até 12% no final do ano.? Pode não ser grande coisa para o País. Mas para o investidor é um cenário de estabilidade repleto de oportunidades.