01/03/2006 - 7:00
Até bem pouco tempo atrás, a venda de medicamentos era a principal (para não dizer única) fonte de renda das farmácias e drogarias. Os genéricos aumentaram a competição no setor, transformando os remédios numa espécie de ?commodity?. Isso colocou os varejistas diante do seguinte dilema: como crescer em um mercado onde impera a mesmice? Marcos Arede, de 36 anos, diretor comercial e integrante do clã que controla a Drogaria Onofre, optou pela diversificação. Só que em vez de apenas empilhar artigos de perfumaria, barras de cereais e pastilhas nas prateleiras, o empresário criou um novo modelo de loja que mistura drogaria e centro de bem-estar: a Onofre MegaStore. Nessas unidades é possível comprar perfumes sofisticados (Dior, Cartier, Azzaro, por exemplo), degustar um café expresso, fazer massagem, testes de osteoporose, maquiagem. Tudo de graça. ?O nome drogaria sempre esteve relacionado à doença, por isso busquei um formato voltado para o bem-estar, principalmente da mulher?, explica Arede. ?A estratégia agregou valor à marca, tornando-a uma referência no setor?, opina Heloisa Omine, especialista em varejo e dona da consultoria Shopfitting. A receita deu certo. Há três anos que a Onofre cresce na faixa de 30% e em 2005 deu um salto de 47% para R$ 400 milhões. Parte disso deveu-se às megalojas e à entrada no Rio de Janeiro, mercado dominado pela líder Drogaria Pacheco.
O desempenho das três MegaStores (todas em São Paulo) também surpreendeu. Cada uma delas gera R$ 1,2 milhão por mês, montante 60% acima do ganho de uma loja padrão. Desse total metade vem de não-medicamentos. Por conta disto, a prioridade para 2006 é reforçar a vertente ?spa? da Onofre, além de ampliar o raio de ação para Minas Gerais. Serão cinco novas filiais (três no Rio de Janeiro, uma em Belo Horizonte e outra em São Paulo), num investimento total de R$ 15 milhões. Duas seguirão no formato megastore ? em Ipanema (RJ) e na Avenida Paulista, ponto nobre da cidade de São Paulo. Esta última será uma megaloja de mil metros quadrados de área construída, divididos em três andares repletos de mimos para os clientes: estacionamento coberto e um andar inteiro (com 400 m2) dedicado a serviços de saúde (exames) e beleza. A inauguração será em julho próximo.
Antes de colocar cosméticos de luxo nas prateleiras da Onofre, Arede fez sete viagens a Paris para pedir à benção dos fabricantes. Levou à tiracolo o badalado arquiteto João Armentano, que assina o projeto das lojas. Para vencer a resistência topou até mesmo mudar o letreiro para Onofre MegaStore. ?Eles não viam com bons olhos a venda de seus produtos em farmácias?, lembra. Mas isso mudou. ?A rede já é um de nossos 20 maiores clientes?, conta Evelyse Britto, diretora da Dior no Brasil. ?É uma opção ao canal tradicional de luxo, que já está saturado?, completa Anny Nahmias, gerente da marca Azzaro na RR Perfums.
O caçula do clã Arede também reservou R$ 5 milhões para turbinar ou-tras áreas, como o sistema de entrega em domicílio. Em Minas Gerais, ele terá uma loja convencional colada num Centro de Distribuição. Com esse complexo será possível fazer três mil entregas por dia. ?É o equivalente ao movimento de 20 lojas?, estima o executivo. Foi o sistema Onofre em Casa que abriu caminho para a drogaria no Rio de Janeiro em 2005. O desembarque por lá, aliás, era uma questão de honra. Afinal, foi em uma esquina de Nilópolis (Baixada Fluminense) que o avô de Arede, o imigrante português Arlindo, abriu a Pharmarcia Onofre em 1925.