As autoridades do setor elétrico revisaram para cima a previsão de crescimento da produção de eletricidade proveniente de mini e micro geração distribuída (MMGD) neste ano. A nova estimativa é que esses sistemas de menor porte, como painéis solares instalados em terrenos ou telhados e residências e indústrias, devem produzir 6.836 megawatts médios (MWmed) – mais do que a garantia física da hidrelétrica de Belo Monte. O montante corresponde a um crescimento de 29% frente 2024. No início do ano a expectativa era de um crescimento 26%.

A partir do ano que vem, o Operador Nacional do Setor Elétrico (ONS), a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) esperam uma desaceleração do crescimento, para 15% em 2026, 10% em 2027, 8% em 2028 e 7% em 2029 – porcentuais com ajuste de 1 ponto porcentual para baixo frente a previsão anterior. O crescimento médio anual será de 13,9%, atingindo 10.070 GWmed ao fim da década.

O volume maior de produção previsto para este ano se deve a um aumento da base instalada já verificada. Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica, existem atualmente 41,98 gigawatts (GW) de potência instalada em mais de 3,7 milhões de sistemas de GD. De acordo com as instituições setoriais, o País deve encerrar o ano com 46 GW – antes estimavam 45 GW. E a previsão é que em 2029 sejam 65 GW de capacidade distribuída – mais do que o total de usinas eólicas e solares de grande porte hoje em operação no País.

A despeito dos ajustes nas projeções, ONS, CCEE e EPE não alteraram as premissas que balizam as estimativas sobre MMGD. As instituições seguem destacando a sobreoferta de módulos fotovoltaicos em todos os segmentos da cadeira de valor e citam, entre os fatores positivos para a expansão, a redução do preço dos equipamentos observada em 2024, o ainda baixo porcentual de adotantes de geração distribuída no País, a expansão de veículos elétricos, o aumento de sistemas sem conexão com a rede de distribuição (grid zero), além dos benefícios fiscais. Lembram ainda das políticas de incentivo ao segmento por meio do Minha Casa Minha Vida (MCMV) e do Programa de Energia Renovável Social (PERS).

Por outro lado, citam como fatores negativos para um crescimento ainda mais intenso como o aumento do Imposto de Importação de módulos fotovoltaicos, a volatilidade do dólar, a saturação do mercado de alto consumo, e o aumento das taxas de juros, uma vez que 50% dos sistemas são financiados. Consideram, ainda, questões técnicas setoriais como a inversão de fluxo em algumas regiões, alegada pelas distribuidoras para negar acesso a novos sistemas, mudanças na cobrança de tarifa fio após a Lei nº 14.300, e incertezas pós-2028.