22/04/2022 - 6:05
A ONU acusou nesta sexta-feira (22) o exército russo de ações que “poderiam constituir crimes de guerra” na Ucrânia após a invasão de 24 de fevereiro, incluindo bombardeios indiscriminados que provocaram as mortes de civis e a destruição de escolas e hospitais.
“As Forças Armadas russas bombardearam de maneira indiscriminada zonas residenciais, mataram civis e destruíram hospitais, escolas e outras infraestruturas civis, em ações que poderiam constituir crimes de guerra”, declarou Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que tem sede em Genebra.
“Corresponde a um tribunal determinar concretamente se isto aconteceu, mas cada vez há mais evidências de que foram cometidos crimes de guerra”, completou a porta-voz.
Em um comunicado divulgado de modo paralelo, Michelle Bachelet, alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, afirmou que “durante as últimas oito semanas, o direito humanitário internacional não apenas foi ignorado, mas foi jogado ao mar”.
“O que observamos em Kramatorsk (leste da Ucrânia) em 8 de abril, quando a estação de trem foi atacada com munições de fragmentação e 60 civis morreram e outros 111 ficaram feridos, é emblemático da incapacidade de respeitar o princípio da distinção (entre civis e militares), a proibição de perpetrar ataques indiscriminados e o princípio da precaução, que é parte do direito humanitário internacional”, destacou Bachelet, em uma acusação indireta à Rússia.
Shamdasani não descartou que o lado ucraniano também tenha violado o direito humanitário, mas a “maioria das violações, de longe, é atribuída às forças russas”.
A porta-voz disse que 92,3% das vítimas que as equipes do Alto Comissariado conseguiram documentar “são atribuídas às forças russas, assim como as acusações de assassinato e de execuções sumárias”.
“Durante uma missão em Bucha, em 9 de abril, os investigadores de direitos humanos da ONU documentaram os assassinatos, alguns deles execuções sumárias, de 50 civis na cidade de Bucha”, perto de Kiev.