17/02/2015 - 18:00
A comissão de investigação das Nações Unidas sobre os direitos humanos na Coreia do Norte indicou que foram praticados crimes contra a humanidade no país, mas não um genocídio, afirmou nesta terça-feira o presidente da instância, Michael Kirby.
O magistrado australiano falou durante conferência, em Washington, organizada por ocasião do primeiro aniversário do informe da comissão que preside e que foi estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU).
“Concluímos que foram cometidos crimes contra a humanidade. É uma conclusão muito grave que exige da comunidade internacional cobrar prestação de contas das autoridades”, afirmou o juiz Kirby ao Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS).
O informe da comissão da ONU, divulgado em fevereiro de 2014, conclui que as violações de direitos humanos na Coreia do Norte não têm igual “no mundo contemporâneo”.
Durante um ano, os investigadores coletaram testemunhos de exilados norte-coreanos e documentaram uma ampla rede de campos de prisioneiros, que abrigaram cerca de 120.000 pessoas, assim como casos de tortura, execuções sumárias e estupros. A responsabilidade destas violações recai nos níveis mais altos do Estado, segundo a pesquisa, que concluiu que são similares aos crimes contra a humanidade.
“Escrevemos ao líder supremo (o norte-coreano Kim Jong-Un) para advertir que as autoridades de seu governo e talvez ele próprio poderiam ser considerados responsáveis (pelos crimes)”, afirmou Kirby, ao lado de outras autoridades da ONU, dos Estados Unidos e da Coreia do Sul.
O juiz informou que a noção de genocídio “foi abordada no relatório”.
“A decepção é que é uma definição muito estreita, que remonta a 1948 e que não é suficientemente ampla para concluir que houve genocídio e não o fizemos. Mesmo tendo dúvidas neste informe, não chegamos à conclusão” de um genocídio, lamentou o magistrado.
Kirby também pediu novamente ao Conselho de Segurança da ONU para apresentar o caso da Coreia do Norte ao Tribunal Penal Internacional.
Pyongyang sofreu uma enxurrada de críticas do Conselho de Segurança, em 22 de dezembro de 2014, logo após a primeira reunião sobre a situação dos direitos humanos na Coreia do Norte. Os Estados Unidos acusaram o governo de Kim Jong-Un de fazer seus cidadãos viverem um “pesadelo”.