26/04/2021 - 21:10
Um relatório da ONU divulgado nesta segunda-feira adverte que a aplicação lenta do acordo de paz no Sudão do Sul pode fazer o país voltar a experimentar um “conflito em larga escala”.
Devido a chamados recentes para que os líderes sul-sudaneses renunciem, os especialistas da ONU encarregados de supervisionar as sanções e o embargo de armas no país africano afirmaram que “é necessário um compromisso urgente para evitar o retorno a um conflito em larga escala”.
Em documento apresentado recentemente ao Conselho de Segurança, os especialistas pedem “um impulso renovado dos parceiros regionais e internacionais para reduzir as divisões políticas e de segurança crescentes no Sudão do Sul”, além da manutenção do embargo de armas, que expira no fim de maio. Também solicitam que novas sanções sejam impostas àqueles que impedem a aplicação do acordo de paz de 2018 e a entrega de ajuda humanitária, além de uma avaliação independente sobre como o governo está usando seu arsenal.
“Desde fevereiro de 2020, o ritmo lento das reformas do governo do Sudão do Sul e sua aplicação seletiva do Acordo Revitalizado sobre a Resolução do Conflito naquele país impediram um avanço na proteção dos civis e nas perspectivas de paz a longo prazo”, afirma o relatório. Mais de um ano de disputas partidárias sobre como aplicar o acordo “fez crescerem as divisões políticas, militares e étnicas no país”, aponta.
As disputas desencadearam “múltiplos incidentes de violência entre os dois principais signatários” – o Movimento Popular de Libertação do Sudão (SPLM), dirigido pelo presidente, Salva Kiir, e o Movimento de Libertação do Povo do Sudão, dirigido pelo vice-presidente Riek Machar. Como resultado, a população sul-sudanesa “necessita de assistência humanitária em 2021 como nunca antes”, destaca o relatório.
“Apesar das necessidades humanitárias de 8,5 milhões de pessoas, o governo criou barreiras burocráticas à entrega de ajuda humanitária, e o atual conflito impediu uma distribuição segura da mesma”, assinala o texto
O Sudão do Sul sofreu seis anos com uma violência que tirou quase 400 mil vidas e expulsou 4 milhões de pessoas de seus lares. O conflito terminou oficialmente a partir da formação de um governo de união nacional com divisão do poder em fevereiro de 2020.