As Nações Unidas alertaram nesta quinta-feira (18) que o aumento das taxas de transporte marítimo implicariam uma inflação dos preços para os consumidores no próximo ano, a menos que os problemas nas cadeias de suprimentos causados pela pandemia de coronavírus sejam resolvidos.

A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD, na sigla em inglês) informou que os preços de importação podem aumentar 11%, no plano internacional, e os preços ao consumidor, 1,5%, até 2023.

“Os preços ao consumidor crescerão significativamente no próximo ano até que as interrupções nas cadeias de abastecimento de mercadorias sejam desbloqueadas, e os congestionamentos nos portos e terminais sejam resolvidos”, afirmou a UNCTAD em um relatório sobre o transporte marítimo de 2021.

As cadeias de suprimentos globais enfrentaram uma demanda sem precedentes desde a segunda metade de 2020, pois os consumidores passaram a gastar em bens em vez de serviços durante os confinamentos causados pela pandemia da covid-19.

Isso causou saturação da capacidade de carga dos navios, falta de contêineres e de mão de obra e congestionamento nos portos.

Ao mesmo tempo, essa saturação levou a um recorde nos preços de frete “em praticamente todas as rotas de comércio de contêineres”, aponta o relatório.

“Este ‘boom’ nas taxas de frete terá um profundo impacto no comércio e prejudicará a recuperação socioeconômica, especialmente nos países em desenvolvimento”, alertou a secretária-geral da agência, Rebeca Grynspan.

A previsão é que os preços repassados ao consumidor subam 7,5% nos Estados insulares em desenvolvimento, e 2,2%, nos países menos desenvolvidos, acima do 1,5% esperado globalmente.

A UNCTAD observa que a pandemia ampliou os problemas anteriores da indústria, como falta de mão de obra, ou lacunas nas infraestruturas, e também expôs suas vulnerabilidades.

Mesmo assim, o impacto da pandemia no comércio marítimo foi inferior ao inicialmente previsto. Em 2020, registrou uma contração de 3,8%, mas deve crescer 4,3% em 2021.

A agência prevê um avanço médio anual de 2,4% entre 2022 e 2026, mas alerta para um “aumento do risco e das incertezas”.

No documento, pede-se, ainda, para se acelerar a vacinação entre o total de 1,9 milhão de tripulantes marítimos. Hoje, apenas 41% deles estão totalmente imunizados.

A pandemia também pode trazer uma transformação duradoura no setor, com o desenvolvimento do comércio digital. De acordo com o relatório, este avanço “pode gerar novas oportunidades de negócios”.