O chefe de um grupo de investigadores da ONU disse nesta segunda-feira (31) que mais de 1.000 pessoas podem ter sido mortas em Mianmar desde o golpe de Estado ocorrido há um ano, no que qualificam como crimes contra a humanidade ou de guerra.

“Tragicamente, os relatórios recebidos no ano passado sugerem que mais de 1.000 pessoas foram assassinadas em circunstâncias que podem ser qualificadas como crimes contra a humanidade ou crimes de guerra”, afirmou em um comunicado Nicholas Koumjian, chefe do Mecanismo de Investigação Independente das Nações Unidas para Mianmar.

Em 1º de fevereiro de 2021, o exército birmanês derrubou a líder civil Aung San Suu Kyi, encerrando uma década de transição democrática com uma repressão sangrenta.

“As forças de segurança detiveram milhares de civis em circunstâncias que envolvem acusações críveis de detenção arbitrária, tortura, violência sexual e até assassinato sob custódia”, acrescentou o chefe do Mecanismo Independente de Investigação.

Esse mecanismo, criado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU em 2018, tem conseguido “reunir um grande número de documentos relevantes sobre esses eventos e estamos adicionando informações e provas aos nossos arquivos quase diariamente”.

O grupo tem a ordem de coletar evidências que demonstrem que os piores crimes internacionais foram cometidos em Mianmar e que o direito internacional foi violado. O objetivo é poder construir um caso que facilite o processo penal.

“Aqueles que planejam cometer crimes devem saber que delitos internacionais graves não têm prazo de prescrição”, apontou Koumjian. “A justiça internacional tem uma memória muito longa e um dia os autores dos mais graves crimes internacionais cometidos em Mianmar serão responsabilizados”, alertou.

Um ano após a derrubada do governo civil, as áreas controladas pelos rebeldes estão aumentando, levando o exército a intensificar a repressão.

A violência provocou o deslocamento de dezenas de milhares de pessoas. Além disso, quase 1.500 civis foram mortos e quase 12.000 detidos, segundo uma ONG local, que documentou casos de estupro, tortura e execuções extrajudiciais. Recentemente, vários massacres de aldeões foram atribuídos aos militares.

aporjm/mis-sag/mb/ic