O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, instou, nesta quinta-feira (9), o Conselho de Segurança a autorizar a abertura de novos pontos fronteiriços entre Turquia e Síria para entregar ajuda humanitária da ONU às vítimas do terremoto.

Cerca de 4 milhões de pessoas que vivem nas áreas controladas pelos rebeldes no noroeste da Síria dependem da ajuda transportada através da única passagem, a de Bab al Hawa, habilitada no contexto de uma operação de assistência humanitária autorizada pelo Conselho de Segurança da ONU há quase uma década.

Mas o fluxo dessa ajuda parou depois do terremoto de magnitude 7,8 registrado na segunda-feira, que matou mais de 20.000 pessoas nos dois países, o que levou Guterres a pedir que autorizem a habilitação de mais passagens.

“Agora é hora de união, não é hora de politizar ou dividir. É óbvio que necessitamos de apoio maciço”, declarou Guterres aos jornalistas.

“Certamente que eu ficaria muito feliz se o Conselho de Segurança pudesse chegar a um consenso para permitir mais pontos de passagem”, acrescentou.

Em 2014, o Conselho de Segurança da ONU autorizou quatro pontos de passagem para a ajuda humanitária na fronteira entre Turquia e Síria, porém, a partir de 2020, esse número teria sido reduzido para apenas um devido à oposição de Damasco e Moscou, que veem isto como uma violação da soberania da Síria.

Apesar dos danos causados pelo terremoto na estrada que leva a Bab al Hawa terem interrompido a entrega de ajuda nos últimos dias, um comboio de seis caminhões da ONU pôde cruzar hoje fronteira rumo à Síria.

A república árabe é alvo de sanções ocidentais desde a brutal repressão do governo contra as manifestações antigovernamentais em 2011, levando o país a uma guerra civil que resultou em meio milhão de mortes, milhões de deslocados e fragmentou o país.

Nesse sentido, Guterres enfatizou que nenhuma sanção deveria ser um obstáculo aos esforços de socorro.

“Todos devem ter muito claro que nenhuma sanção pode interferir na ajuda ao povo sírio”, insistiu.

A Turquia disse hoje que estava trabalhando para abrir mais duas passagens fronteiriças com a Síria para entregar ajuda.