Na terça-feira (1/02) o Open Banking completou um ano no Brasil. Em 12 meses, o sistema desenhado para aumentar a competição entre os bancos e assim melhorar a vida do cliente ainda não foi capaz de reduzir os preços dos produtos e serviços bancários. Nem o custo dos empréstimos. Isso ainda vai demorar. Mesmo assim, já é possível notar um aumento da bancarização, especialmente entre os brasileiros de baixa renda. Vamos entender as razões para esses dois fenômenos.

Do ponto de vista da competição bancária, o compartilhamento efetivo dos dados sobre correntistas entre as instituições só começou mais tarde, em agosto de 2021. Desde então, apenas 3,3 milhões de correntistas, de um total de 180 milhões, consentiram em abrir seus dados, conforme apurou o Banco Central. Para o coordenador do grupo de Open Banking da ABFintechs, Rogerio Melfi, o crescimento fraco em 2021 explica-se pela complexidade do processo, o que deverá manter lenta a expansão também neste ano. “No sistema financeiro não se disputam corridas de 100 metros, mas maratonas”, disse Melfi. “O sistema ainda não estará perfeito no fim deste ano, mas será possível notar muitas evoluções.” Uma pesquisa da consultoria Bain & Company indica que apenas 14% da população brasileira já ouviu falar no Open Banking. Mesmo assim, a empresa avalia que evolução do sistema no Brasil será mais rápida do que na Europa, que lançou o Open Banking em 2018.

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Ainda que o custo dos produtos e serviços bancários não tenha caído, o aumento da competitividade tirou muitas instituições da zona de conforto. Elas já comparam seus preços e produtos com os da concorrência. Também é possível notar um aumento da inclusão bancária promovida por fintechs e bancos digitais. Eles ampliaram o acesso dos brasileiros, especialmente os de baixa renda, a produtos financeiros.

Segundo uma pesquisa feita pelo Instituto Locomotiva, atualmente 19% dos brasileiros têm conta em bancos digitais. Desse total, 30% são das classes D e E. Feito com 1.519 brasileiros, com 18 anos de idade ou mais, entre 27 de outubro e 7 de novembro do ano passado, o estudo indica maior democratização do sistema bancário. Para o CEO e cofundador da Klavi, plataforma de Open Banking especializada em inteligência e processamento de dados financeiros, Bruno Chan, as mudanças são pouco perceptíveis pois o sistema é novo. “Ainda existe um longo caminho para os bancos criarem produtos e serviços que utilizem as informações advindas do Open Banking”, disse ele. “Só assim veremos um impacto de verdade na economia e na vida das pessoas.”