27/12/2024 - 17:49
A OpenAI divulgou nesta sexta-feira planos para renovar sua estrutura, anunciando que vai criar uma corporação aberta que tornará mais fácil “levantar mais capital do que imaginamos” e remover restrições impostas à startup pelo atual esquema em que é controlada por uma entidade sem fins lucrativos.
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O reconhecimento e a lógica por trás da reestruturação confirmam uma reportagem da Reuters publicada em setembro e que iniciou um debate entre reguladores e magnatas da tecnologia, como Elon Musk. As discussões se concentram nas implicações que tal estratégia poderá sobre se a OpenAI vai aplicar seus ativos na entidade sem fins lucrativos de forma justa e também sobre como a empresa obterá equilíbrio entre lucro e bem social por meio do desenvolvimento da inteligência artificial.
De acordo com o plano proposto, o braço com fins lucrativos da criadora do ChatGPT se tornaria uma corporação de benefício público (PBC) sediada em Delaware. Essa estrutura tem como objetivo levar em consideração interesses da sociedade, além da geração de valor aos acionistas.
A OpenAI tem procurado aplicar mudanças para atrair investimentos, à medida que o seu caro investimento na obtenção da inteligência artificial geral – uma IA que supere a inteligência humana – é acelerado.
A mais recente rodada de financiamento, de US$ 6,6 bilhões e que avaliou a companhia em US$ 157 bilhões, depende da OpenAI conseguir derrubar sua estrutura corporativa e remover um limite de lucro para investidores dentro de dois anos, informou a Reuters em outubro.
A organização sem fins lucrativos, por sua vez, terá uma “participação significativa” na corporação de benefício público, na forma de ações, conforme determinado por consultores financeiros independentes, disse a OpenAI, acrescentando que será uma das “organizações sem fins lucrativos com melhores recursos da história”.
A OpenAI foi lançada em 2015 como uma organização sem fins lucrativos com foco em pesquisa, mas criou uma unidade com fins lucrativos quatro anos depois para garantir financiamento para os altos custos de desenvolvimento da IA.
A estrutura incomum deu o controle da unidade com fins lucrativos para a outra sem fins lucrativos e que ficou sob os holofotes no ano passado, quando Sam Altman foi demitido do cargo de presidente-executivo e retornou ao posto dias depois de protestos de funcionários da empresa.
“Mais uma vez, precisamos levantar mais capital do que imaginávamos. Os investidores querem nos apoiar, mas nessa escala de capital precisamos de recursos convencionais”, disse a startup apoiada pela Microsoft nesta sexta-feira.
“As centenas de bilhões de dólares que as principais empresas estão investindo no desenvolvimento da IA mostram o que realmente será necessário para que a OpenAI continue perseguindo a sua missão”, acrescentou a companhia.
A criação da corporação de benefício público alinharia a startup a rivais como a Anthropic e a xAI, de Musk, que usam uma estrutura semelhante e recentemente obtiveram bilhões em financiamento.
A Anthropic arrecadou mais US$ 4 bilhões da Amazon.com no mês passado, enquanto a xAI levantou cerca de 6 bilhões no início de dezembro.
“A chave para o anúncio é que o lado com fins lucrativos da OpenAI ‘irá administrar e controlar as operações e negócios da OpenAI'”, disse o analista da Davidson & Co, Gil Luria.
Elon Musk é ‘pedra no caminho’ da OpenAI
A startup pode, no entanto, enfrentar obstáculos.
Musk, cofundador da OpenAI que agora é um dos maiores críticos da startup, está tentando impedir o plano. Em agosto, ele processou tanto a OpenAI quanto Altman. Musk alega que a empresa violou as disposições do contrato ao colocar o lucro à frente do bem público no desenvolvimento da IA.
A Meta Platforms também está pedindo ao procurador-geral da Califórnia que bloqueie a conversão da OpenAI em uma empresa com fins lucrativos, mostraram documentos vistos pela Reuters.