31/03/2022 - 11:36
Os produtores de petróleo da OPEP+ anunciaram nesta quinta-feira, como esperado, um ligeiro aumento em sua produção de petróleo, ignorando os pedidos para aliviar a pressão sobre os preços pela guerra na Ucrânia.
Os representantes dos 13 membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e seus dez aliados, liderados pela Rússia, concordaram em “ajustar a produção mensal total em 432 mil barris por dia (bd) para o mês de maio”, disse a aliança em uma declaração no final de uma reunião.
Este aumento é apenas ligeiramente superior ao decidido (400 mil bd) nos meses anteriores.
Embora os analistas esperassem esse quase status quo, as expectativas eram enormes depois que o petróleo atingiu os recordes históricos alcançados na crise financeira de 2008 em 7 de março, quando ultrapassou 130 dólares o barril.
Desde então, os preços caíram consideravelmente, embora continuem altos.
Nesta quinta, o Brent do Mar do Norte, o petróleo de referência na Europa, caía 5,08%, para 107,69 dólares o barril, enquanto o WTI americano perdia 5,43%, para 101,96 dólares.
Neste contexto, a Casa Branca deve anunciar nesta quinta-feira um plano para liberar até um milhão de barris por dia de suas reservas estratégicas para conter a inflação, segundo informações da agência Bloomberg, citando fontes próximas ao assunto.
“No total, retirarão 180 milhões de barris de suas reservas, o que seria sem precedentes”, diz Carsten Fritsch, analista do Commerzbank. Se essa liberação realmente ocorrer, “o mercado de petróleo não será mais mal abastecido”.
Isso significaria uma mudança de paradigma, uma vez que a guerra levantou temores sobre o possível fim do abastecimento de petróleo russo, e uma consequente febre nos mercados.
No entanto, para a OPEP+ – que nasceu em 2016 sob a ótica da regulação do mercado – “a volatilidade atual não se deve aos fundamentos” do mercado, ou seja, a uma escassez de oferta, “mas a fatos geopolíticos em curso”, de acordo com seus membros no comunicado.
Assim, a OPEP+ permanece indiferente aos crescentes apelos da comunidade internacional, especialmente após a decisão dos Estados Unidos e do Reino Unido de cessar suas importações de petróleo da Rússia, o segundo maior exportador de petróleo do mundo depois da Arábia Saudita.
A Agência Internacional de Energia, que anteriormente havia descrito a atitude da organização como “decepcionante”, pediu à OPEP+ que se colocasse “do lado bom”. Uma mensagem semelhante veio do G7 quando o primeiro-ministro britânico viajou para Riade.
Mas em vão: os países do Golfo estão atualmente relutantes em ceder às demandas ocidentais.
A aliança OPEP+, longe de ser desestabilizada pelo conflito, parece mais sólida do que nunca. “Veio para ficar”, disse o ministro da Energia dos Emirados Árabes Unidos, Suhail al-Mazruei, na segunda-feira, determinado a não deixar a “política” dizimar a organização.
Seu colega saudita, Abdulaziz bin Salman, assegurou que se essa organização não existisse, “não poderíamos ter estabilidade no mercado de energia” e “a volatilidade dos preços seria ainda pior”.
De acordo com vários especialistas, uma intervenção saudita nos mercados seria percebida como uma traição pela Rússia porque a impediria de usar suas exportações de hidrocarbonetos para pressionar os países ocidentais.