24/03/2022 - 8:30
Um mês após a invasão russa, são raros os sinais de esperança. A principal constatação, no entanto, é que a Ucrânia pode frear Putin, mas precisa de um apoio maior e mais rápido do Ocidente, opina Roman Goncharenko. Foram quatro semanas que parecem ter sido uma eternidade. A invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022 é, até agora, o dia mais sombrio do século 21 para a Europa. Desde aquele dia, pessoas, amizades e ilusões têm morrido na chuva de bombas russas. A velha ordem de paz para o continente também está morta. Como será a nova, ainda está para ser decidido.
Um primeiro balanço intermediário é amargo. Graças a amplas informações da inteligência americana, esta guerra não foi uma surpresa. Entretanto, a maioria dos especialistas ocidentais e também os líderes ucranianos esperavam apenas um ataque limitado no leste da Ucrânia e não uma invasão no estilo da Alemanha nazista, como ocorrido na Polônia em 1939.
O motivo por que a guerra da Rússia foi subestimada
Da perspectiva de hoje, é claro que Kiev deveria ter ordenado a mobilização e retirada geral da população muito mais cedo. Esse erro de avaliação se deveu também provavelmente ao fato de que a guerra que começou com a anexação da Crimeia em 2014 permaneceu regionalmente limitada. A maioria das pessoas na Ucrânia não tinha ideia do que significa ser brutalmente bombardeado. Eles subestimaram o perigo.
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É difícil culpá-los por esse erro. Todos nós não queríamos acreditar que o presidente russo, Vladimir Putin, e seu Exército fossem capazes de tal barbaridade. Também a ideia de que a maioria dos russos aceitaria esta guerra era impensável para muitos. Mesmo depois de quatro semanas, ainda é difícil aceitar essa triste constatação.
Muitas análises ucranianas e ocidentais constatam que a blitzkrieg de Putin falhou. Moscou, por outro lado, diz que tudo está indo de acordo com o planejado. Mas guerras nunca vão de acordo com os planos dos generais. Naturalmente, o Kremlin esperava uma vitória mais rápida e menos perdas em suas fileiras. Mas é difícil acreditar que Putin realmente esperasse uma rendição dentro de poucos dias. A Ucrânia é simplesmente grande demais para isso.
Rússia aposta na vitória pelo cansaço
O plano de guerra de Putin provavelmente é destruir lentamente o país vizinho – com base na premissa de que a Rússia tem mais soldados, mais armas e mais dinheiro.
Vestígios de esperança são raros no momento, mas eles existem. A constatação mais importante é que a Ucrânia pode parar e até mesmo deter o Exército russo, bem mais forte. Há duas razões para isso: antes de tudo, o espírito de luta ucraniano. Isso também se aplica aos civis, que, mesmo em áreas já ocupadas, como a cidade ucraniana de Kherson, se colocam no caminho de tanques russos com bandeiras ucranianas.
A segunda razão tem muitos nomes: por exemplo, Javelin, NLAW ou Stinger. São principalmente armas blindadas e sistemas antiaéreos que os EUA e o Reino Unido, mas também outros países da Otan, enviaram às pressas nas semanas que antecederam a invasão da Ucrânia. Sem essas armas defensivas, a Rússia já poderia ter ocupado uma área muito maior da Ucrânia.
Embargos imediatos de petróleo e gás
Também depende disso a resposta para a questão sobre se a guerra de Putin ainda pode fracassar. Ela pode fracassar por causa do espírito de luta dos ucranianos, que, no entanto, precisam de muito mais apoio e, acima de tudo, de um apoio mais rápido. Em termos concretos, isso significa sanções econômicas ainda mais duras, um bloqueio completo do sistema SWIFT e um embargo imediato ao petróleo e gás russo.
Sim, isso é doloroso, mas, em vista do massacre na Ucrânia, necessário. Mas apoio também significa o envio de mais armas! Por razões compreensíveis, a Otan não quer abater aviões e mísseis russos nos céus da Ucrânia, a fim de evitar um confronto direto. Mas aeronaves de combate para as forças armadas da Ucrânia podem e precisam ser entregues, assim como os mais modernos sistemas de defesa antiaérea.
Não é uma decisão fácil. A Rússia está ameaçando o Ocidente com represálias e o uso de armas nucleares. Isso não é um blefe, o perigo é real. No entanto, o Ocidente deve ir por esse caminho − cuidadosamente, passo a passo. Quem pensa que Putin se contentará em destruir a Ucrânia e parar na fronteira ucraniana ocidental está enganado. O Ocidente deve finalmente reconhecer a dimensão desta guerra e agir de acordo.
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Roman Goncharenko é jornalista da DW. O texto reflete a opinião pessoal do autor, não necessariamente da DW.