17/07/2002 - 7:00
Um mecanismo simples, que leva
1 milhão de brasileiros a usar o software de tradução simultânea da jovem empresa israelense Babylon, é um dos maiores sucessos na rede mundial. Contudo, como audiência não paga as contas, chegou a hora de cobrar. Nas próximas semanas, a companhia, que pretende faturar mais de US$ 1 milhão no mundo este ano com produtos pagos, irá iniciar um esforço para converter usuários em consumidores também no Brasil. ?O País representa 10% do total de usuários e por isso merece atenção redobrada?, disse à DINHEIRO o vice-presidente para novos negócios Alon Carmeli, que visita todo mês o País para definir as estratégias para ganhar não somente novos usuários domésticos, mas também empresariais. Coca-Cola, Correios, a agência de notícias Bloomberg e a HP são alguns clientes já conquistados. ?O próximo passo será arrumar alguém que seja mais do que um simples distribuidor para ganhar espaço dentro do promissor mercado das corporações?, diz Carmeli.
O crescimento do número de usuários ganhou um impulso no Brasil em março de 1999, quando os israelenses fizeram um acordo de cavalheiros com o Universo Online. O provedor aceitou divulgar o Babylon para seus usuários por acreditar que ele agregaria valor ao site. Em troca, a pequena companhia ganhou uma divulgação gratuita, sem qualquer troca de dinheiro. Com o passageiro dentro do ônibus, chegou a hora de cobrar o ingresso. ?No final de 2000 nós acrescentamos espaços publicitários, mas logo descobrimos que o mercado de anúncio on-line não estava indo muito bem?, diz o presidente Alex Azulay. ?Agora, decidimos voltar ao bom e velho modelo de cobrança.? Em alguns cantos do mundo pode-se pagar US$ 17,95 para usar o software por um ano. Seguindo a experiência obtida em outros países como Suíça e Israel, os estrategistas aguardam que pelo menos 30% dos atuais usuários paguem pelo serviço no prazo de 12 meses. Se tudo andar conforme o esperado, serão mais de 5 milhões de pessoas pagando pelo menos US 17,95, o que dá um total de US$ 91 milhões. ?O problema é que a internet vive um cenário extremamente competitivo. O site de buscas Google, por exemplo, presta esse mesmo serviço gratuitamente?, pondera Toninho Rosa, presidente da Associação de Mídia Interativa.
Diversificação. Para não depender de uma única fonte de receitas, Carmeli está em negociações para inserir seu software na linha de produção dos computadores e nas prateleiras das lojas de informática. Outra parte do faturamento deverá vir de uma nova linha de produtos que utiliza a mesma tecnologia dos tradutores. ?Um de nossos principais objetivos agora é vender o conhecimento prático que desenvolvemos para que ele possa ser usado em qualquer assunto?, diz Carmeli que, mesmo com dificuldades para falar o português, consegue dizer claramente ?boleto bancário?. A empresa oferece 1.500 dicionários com temas específicos, alguns bastante abrasileirados. Já é possível, por exemplo, comprar um dicionário de gauchês, que traz informações variadas sobre a cultura do Rio Grande do Sul. Dicionários sobre Terceiro Setor, Budismo, Eletrônica e até sobre a Onomástica Cristã Primitiva (com
verbetes relacionados aos primeiros séculos da Igreja) também podem ser adquiridos no site. Todos, claro, terão seu preço
dentro de um ano.