09/08/2013 - 21:00
Mais uma mazela parlamentar para angariar vantagens políticas está em gestação. Trata-se do “Orçamento Impositivo”, expediente que, a princípio, ajudaria no planejamento dos gastos anuais do governo, mas que, da forma como agora é lançado à discussão, parece carregar espúrias intenções, não confessáveis, é claro! Para além do fato de representar um ataque direto à administração da presidenta Dilma – feita justamente pelo que se convencionou chamar de “base aliada”, cada vez mais animada em praticar o fogo amigo –, o Orçamento Impositivo traz em seu bojo um casuísmo eleitoreiro.
Candidatos às urnas em 2014, e as legendas que os representam, sonham em garantir que suas emendas, muitas delas de caráter meramente figurativo para conquistar a atenção e os votos de eleitores, sejam cumpridas. De coreto na praça a fontes de água em lugares remotos, há de tudo um pouco. E dentre essas obras, a maioria delas não corresponde sequer às necessidades primordiais dos cidadãos para as quais se destinam. O Brasil, secularmente, vem sendo palco de projetos sem pé nem cabeça, com prejuízos notórios, quando não para servir à corrupção crônica. O oportunismo sem limite de senadores e deputados, que crescem o olho sobre o orçamento da União, reduz o fôlego financeiro do setor público – e, por consequência, do País – para investir recursos onde realmente interessa.
A tentativa de manobra do Orçamento Impositivo foi armada diretamente pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que cobrou a aprovação imediata por parte da comissão encarregada de encaminhar o assunto. Uma forte mobilização de aliados mais próximos do governo conseguiu adiar a incômoda votação da pauta. Mas não por muito tempo. Dilma, que criticou o empenho de despesas sem indicação de fontes de recursos, ameaça agora partir para um recurso diretamente no STF, barrando a entrada em vigor do Orçamento Impositivo na eventualidade de ele ser votado. É do interesse geral da Nação que casuísmos como esse sejam enterrados antes que ganhem corpo e prejudiquem a trajetória de estabilidade econômica. Políticos ajudariam muito se pensassem de fato no coletivo antes de administrarem os seus próprios interesses.