Paulo Skaf, candidato de oposição à presidência da Fiesp, promete registrar nos próximos dias uma chapa com 75 nomes de empresários que participarão, como eleitores e candidatos, da eleição da entidade. Além de romper com uma velha tradição da casa, segundo a qual as chapas são reveladas apenas no último dia de registro — que, desta vez, é 16 de junho — a lista de Skaf, se materializada, acrescentaria ao processo uma nota definitiva. Afinal, como o colégio eleitoral da Fiesp compõe-se de 122 eleitores, a matemática sugere que quem detém 75 votos já conquistou a maioria absoluta. Eleições, porém, não se ganham na véspera, e será preciso esperar pelo 25 de agosto, data oficial da votação, para ver se Skaf confirma essa vantagem.

O que já não carece de confirmação é a capacidade do presidente da Associação da Indústria Têxtil, a Abit, de aglutinar empresários de expressão ao seu redor. Constam da chapa de Skaf alguns nomes reluzentes da indústria paulista. Estão lá, como vice-presidentes, Benjamin Steinbruch, presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, Rubens Ometo Silveira Mello, o maior produtor de açúcar e álcool do mundo, Paulo Setubal, presidente da Duratex e da Itautec e Sérgio Barroso, presidente da Cargill. Além desses, há entre os simpatizantes de Skaf nomes conhecidos como Eduardo Capobianco, do Sindicato da Construção Civil; o industrial Aldo Lorenzetti, conselheiro da Abinee; o líder regional Alexandre Serpa, da região de Campinas e o jovem Marcus Hadade, presidente da Confederação Nacional dos Jovens Empresários. A maioria deles jamais participou da Fiesp e vários deles são oriundos do interior, onde o agribusiness está dando novo feitio à economia paulista.

Temperamento. Unem esses homens tão diferentes a percepção de que Skaf,
de 47 anos, é o líder de que o empresariado paulista necessita neste momento. Para essa avaliação contribuem, além do temperamento empreendedor do candidato, o fato de Skaf ter feito duas gestões de grande repercussão na Abit. Esse trabalho, segundo seus admiradores, o qualifica como um ?homem de resultados? ? um elogio que o candidato não repele. ?Não sou salvador da pátria, mas liderança é impor-
tante?, diz ele. ?As pessoas estão cansadas de inoperância.? Além do carisma e da vitalidade, Skaf exibe um programa de trabalho que não difere do que deseja o industrial médio. Ele quer articular a queda do spread bancário, planeja oferecer alternativas de redução da carga tributária e aposta firme nas parcerias com o comércio e o setor de serviços. Também planeja influir na política econômica e postula a reforma do Cade para agilizar suas decisões. Seu principal objetivo? Ajudar o País, e conseqüentemente a indústria, a voltar a crescer. ?Faz mais de 20 anos que este País não sabe o que é crescimento?, lamenta. ?Temos que desatar as amarras, buscar unidade com outros setores da economia e criar um clima favorável ao crescimento, como no agribusiness.?

Se defendesse essas coisas sozinho, o adversário de Cláudio Vaz na eleição da Fiesp seria apenas mais um brasileiro que detém no bolso a solução para os problemas do País. Como consegue atrair empresários de peso para o seu campo de idéias, Skaf faz a balança eleitoral mover-se a seu favor. Steinbruch, o presidente da CSN, é um dos que foi atraído ao projeto de Skaf pela crença de que ele é capaz de operar mudanças. ?A produção tem de criar um espaço novo de interlocução em busca do crescimento e o Paulo é a pessoa certa para fazer isso?, acredita Steinbruch. Ele conhece Skaf há 40 anos e sustenta que o amigo é ?determinado, agressivo e empreendedor?. Sua conclusão: ?É disso que precisamos na Fiesp.? Outro dos admiradores de Skaf, ainda que não companheiro de chapa, é Josué Gomes da Silva, presidente da Coteminas e filho do vice-presidente da República, José Alencar. ?Paulo é extremamente trabalhador, pró-ativo e busca resultados. Ele tem prazer em
servir?, afirma o empresário. Depois de trabalhar por quase seis anos na Abit, Josué acredita que o trabalho de Skaf à frente da associação têxtil é a credencial perfeita para a Fiesp ? uma avaliação, aliás comum entre os empresários. Sob Skaf, a Abit saltou de 80 para 4 mil associados. A longa cadeia produtiva, antes frouxa, foi organizada em torno de um projeto de expansão que deu charme, consistência indus-
trial e foco ao setor. No período Skaf, os empregos aumentaram em quase 100 mil e o setor passou de importador a exportador. O presidente da Abit também negociou o fim das cotas de exportação de tecido para a Europa e obteve redução de 12% para 8% do ICM. ?Skaf demonstrou na Abit que tem capacidade de unir os diferentes elos industriais e fazê-los trabalhar com um objetivo comum?, diz Josué. Se a sua matemática eleitoral estiver correta, ele terá a chance de fazer o mesmo na Fiesp.

A CAMINHO DA URNA
A dois meses da eleição, Skaf definiu a equipe que pretende levar
à Fiesp. A próxima etapa é a urna, marcada para 25 de agosto
 

PROGRAMA
Na lista de prioridades de Skaf está a aliança
com outros setores da economia para buscar o crescimento econômico

 

DIVERSIDADE
Além dos figurões, time de Skaf inclui jovens,
líderes do interior e representantes do agribusiness,
o setor que mais cresce da economia