16/09/2016 - 7:38
A oposição venezuelana realiza nesta sexta-feira uma manifestação com um “panelaço” exigindo a autorização para a coleta de assinaturas visando um referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro.
Em meio aos protestos nacionais, a autoridade eleitoral decidiu adiar, alegando “ameaças”, o anúncio que deveria realizar nesta mesma sexta-feira sobre a data e as condições para a coleta das quatro milhões de assinaturas (20% do total de eleitores) necessárias para a convocação às urnas.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) alegou que os protestos da oposição colocam em risco seus funcionários e disse que retomará a análise deste tema sensível na próxima segunda-feira, embora não tenha especificado se neste dia fará um pronunciamento definitivo.
O CNE “decidiu isto (…) diante da convocação de protestos para os arredores das sedes em todo o país, que têm sido atacadas em diversas oportunidades, desde abril deste ano”.
Segundo o Conselho Eleitoral, na quarta-feira foi iniciada “a revisão do processo de recolhimento das assinaturas de 20% do total de eleitores para a possível ativação do referendo revogatório presidencial, que deveria terminar nesta sexta-feira”, mas diante do anúncio da mobilização opositora, “o tema só será retomado na segunda-feira”.
Os adversários de Maduro planejam iniciar o dia de mobilizações com um “panelaço”, no que chamaram de “cúpula do povo contra a fome e pelo revogatório”, em alusão à Cúpula de Países Não Alinhados (NOAL), realizada na Isla de Margarita (norte da Venezuela).
“Será a anti-cúpula, a cúpula do povo em resposta a este esbanjamento (do NOAL) e exigindo o estabelecimento com clareza das condições” para a coleta de assinaturas, disse na quinta-feira Jesús Torrealba, secretário da coalizão Mesa de la Unidad Democrática (MUD).
Antes da divulgação da decisão do CNE, Torrrealba havia antecipado que a falta de definições em torno da ativação do referendo motivaria ainda mais os protestos.
“Se não houver resposta (do CNE) também será um motivo para protestar (…) porque o silêncio é um desrespeito com o direito do povo venezuelano de construir uma solução pacífica, eleitoral, constitucional e democrática a este drama que estamos vivendo”, acrescentou Torrealba em uma coletiva de imprensa.
Afetada pela queda das receitas do petróleo, a Venezuela sofre uma crise econômica refletida em uma escassez de 80% dos alimentos e remédios, segundo estudos privados, e a inflação mais alta do mundo, que o FMI projeta em 720% para 2016.
As mobilizações serão realizadas após dois dias de protesto, em 1 e 7 de setembro, para exigir o revogatório. O primeiro reuniu um milhão de pessoas em Caracas, segundo a MUD, embora o governo afirme que compareceram apenas dezenas de milhares, e que neste mesmo dia mobilizou meio milhão de chavistas.
De qualquer forma, foram as maiores manifestações desde as de 2014 contra Maduro, que deixaram 43 mortos.
A de semana passada reuniu algumas milhares, seguindo a linha das convocações anteriores.