15/08/2022 - 14:11
O opositor russo detido Alexei Navalny afirmou nesta segunda-feira (15) que foi transferido para a solitária por ter tentado criar um sindicato na prisão.
“Saudações do isolamento”, escreveu Navalny em sua rede social, explicando que os motivos oficiais alegados para que ele fosse transferido para esse tipo de cela foi romper com o código de vestimenta e desabotoar o botão superior de seu uniforme de presidiário.
O opositor afirmou que permanecerá neste regime por três dias, mas a autoridade da prisão o alertou de que a solitária poderia se tornar sua “residência permanente” se ele não reconsiderasse suas ações.
Navalny foi detido em janeiro de 2021 ao retornar de Berlim, na Alemanha, onde tinha passado vários meses em recuperação após ter sobrevivido, por pouco, a um envenenamento, do qual ele acusa o presidente Vladimir Putin.
No fim de maio, a Justiça russa confirmou a condenação a nove anos de prisão pelo desvio de fundos doados a organizações de luta contra a corrupção, acusações que tanto ele como seus partidários negam e consideram politicamente motivadas.
O opositor do Kremlin, que cumpre condenação em uma prisão de “regime estrito” perto da cidade de Vladimir (oeste), descreve sua cela como uma minúscula “casinha de cachorro de concreto”, onde faz “muito calor e há pouca circulação de ar”.
“Só há uma xícara e um livro na minha cela. E só me dão uma colher e um prato na hora de comer”, explicou.
Segundo Navalny, a beliche onde dorme, de ferro, é recolhida de manhã cedo e aberta à noite com uma alavanca na parte externa.
“Não há visitas, cartas nem pacotes. É o único lugar da prisão onde é proibido fumar”, conta.
Na semana passada, Navalny anunciou que havia criado um sindicato de uma pessoa só na colônia penitenciária onde trabalha como costureiro.
Navalny, de 46 anos, ganhou notoriedade com um blog que denunciava a corrupção e, antes de ser preso, organizou protestos em toda a Rússia.
Em 2018, tentou se apresentar como candidato à presidência, mas foi excluído da disputa na qual Putin obteve o quarto mandato.