03/12/2003 - 8:00
Acabou o mistério: agora qualquer um pode encontrar o ponto G. Ele fica precisamente no botão de um controle remoto. O Food and Drugs Administration (FDA) ? agência que regula o setor de alimentos e remédios nos Estados Unidos ? aprovou a realização de testes clínicos com uma ?máquina? de provocar orgasmos. É o primeiro passo para a produção e comercialização do aparelho. Mas o pai da idéia, o médico Stuart Meloy, sofre com a falta de cobaias no mercado. ?Pensei que as pessoas estariam batendo à minha porta para fazer o teste?, disse ele. ?Só que estou suando para conseguir voluntárias.?
Até agora, apenas uma mulher se submeteu ao procedimento. A paciente, casada, não sentia um orgasmo havia quatro anos. E, com o auxílio do equipamento, atingiu o clímax em todas as sete vezes em que fez sexo com o marido ? incluindo o primeiro orgasmo múltiplo da vida dela. Meloy, um cirurgião especialista em
dor, busca mais oito cobaias para
completar os testes.
Batizado de ?Orgasmatron?, o equipamento na verdade nasceu de um inesperado efeito colateral. Há dois anos, Meloy fazia uma cirurgia em uma mulher que sofria de terríveis dores nas costas. Era uma operação simples, em que dois eletrodos são implantados na coluna cervical do paciente e depois acionados por controle remoto. Para a surpresa do médico, a mulher começou a gemer intensamente na mesa de cirurgia. E quando Meloy, assustado, perguntou o que estava acontecendo, ela respondeu: ?O senhor vai ter que ensinar meu marido a fazer isso?. A moça havia tido um orgasmo espontâneo. Empolgado com a descoberta, Meloy patenteou o uso dos eletrodos para o tratamento de disfunções sexuais. E até tentou vender a idéia para a Medtronic, uma gigante de US$ 7,6 bilhões anuais que produz suprimentos médicos. A empresa não se interessou e ele tocou o projeto sozinho. Basta olhar a indústria de remédios para impotência masculina para entender a aposta de Meloy. Ela movimenta US$ 4 bilhões ao ano. Recentemente, Procter & Gamble financiou a pes-
quisa de um adesivo que promete acabar com a falta de libido nas mulheres. Segundo o ?doutor prazer?, o ?Orgasmatron? deve custar US$ 22 mil, incluindo a cirurgia.
A falta de cobaias para os testes não surpreende os especialistas americanos. ?Para que se submeter a um processo invasivo se é possível obter o mesmo resultado com um vibrador??, questiona Marca Spski, que estuda a função sexual em mulheres com lesões cervicais na Universidade de Miami. O psicólogo Angelo Monesi, diretor do Instituto Paulista de Sexualidade, também critica: ?Primeiro inventaram a digestão sem estômago, com os antiácidos. Depois, a inteligência sem cérebro, com os computadores. E agora o orgasmo sem sexo. Onde é que vamos parar com tanta artificialidade?