Por Catarina Demony e Miguel Pereira

LISBOA (Reuters) – Quando o Taliban tomou o poder, os músicos afegãos sabiam que seus futuros estavam ameaçados. A maestrina Shogufa Safi, de 18 anos, escapou do país e agora se sente sem segurança em Portugal, seu novo lar, mas seu sonho é um dia voltar para casa e levar de volta a música às ruas do país.

“Eu ainda não encontrei a paz em minha vida”, disse Safi, emotiva, porém esperançosa, após pousar na capital de Portugal, Lisboa, na segunda-feira, ao lado de 272 outros membros do Instituto Nacional de Música do Afeganistão (Anim, na sigla em inglês), entre eles estudantes, funcionários e parentes.

“Meu grande sonho é voltar para o Afeganistão… É um sonho gigante”, disse. “Eu acredito que vou voltar… e vou ensinar a geração mais jovem”. 

Safi é uma das musicistas da renomada orquestra afegã Zohra, composta apenas por mulheres, e parte do Anim. Elas já se apresentaram em alguns dos maiores espaços de concertos do planeta, do Carnegie Hall em Nova York à Royal Opera House do Omã.

Portugal concedeu asilo a todos os membros do Anim e a seus parentes mais próximos, tornando a operação a maior de uma comunidade afegã desde a tomada do poder pelo Taliban em agosto, afirmou o instituto de música. 

Sob o regime repressor do Taliban entre 1996 e 2001, a música era proibida. Embora os islamistas de linha dura ainda não tenham formalmente restabelecido a proibição desta vez, o Taliban já ordenou que estações de rádio parassem de tocar música em algumas partes do Afeganistão.

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