A nata do pólo nacional tem um encontro marcado, no próximo mês de junho, em Indaiatuba, no interior de São Paulo. A equipe brasileira, formada por quatro jogadores, enfrentará o Chile em uma partida que promete entrar para a história. Trata-se do jogo de comemoração dos 30 anos do Helvetia Country Club, o maior clube de pólo do Brasil. Fundado em maio de 1975, com dois campos, a instituição praticamente inventou o pólo no País. Hoje, ele é considerado um dos maiores centros do esporte do mundo com mais de 30 campos gramados (seis do Helvetia e 24 particulares). Ao seu redor, reúne, num condomínio fechado, cerca de 70 mansões que chegam a valer R$ 10 milhões cada. O valor das propriedades, contudo, deverá subir em breve. É que o clube prepara o lançamento de mais um empreendimento para coroar as suas três décadas. ?Uma nova sede, um campo de golfe e mais oito de pólo serão construídos?, diz Claudemir Siquini, presidente do Helvetia. Ainda sem previsão de inauguração, ele terá espaço para a construção de novas casas. O certo é que somente famílias abastadas entrarão no seleto clube.

O Helvetia é hoje um dos locais de maior concentração de renda do País. E, a sua volta, não é diferente. Sobrenomes como Mansur, Diniz, Junqueira, Matarazzo e Souza Aranha são figuras carimbadas no local. Por serem tradicionais no esporte e por terem as maiores fortunas do Brasil, algumas dessas famílias fizeram do Helvetia um modelo único no mundo. Na Inglaterra, um dos países onde a modalidade é mais ?popular?, os clubes detêm a maioria dos campos. Por aqui, a realidade é outra. Grande parte dos campos pertence aos prósperos clãs de polistas. É uma peculiaridade que deu certo. E bota certo nisso. O clube tornou-se uma máquina de fazer dinheiro e relacionamentos. Desde 2001, por exemplo, há no Helvetia um evento anual batizado de Polo Day. Em um único dia, acontecem jogos amistosos e dezenas de marcas expõem seus produtos. O primeiro evento foi o Porsche Polo Day e, depois, deu lugar à Mercedes-Benz. O torneio deste ano será inspirado no mundo do luxo. ?Foi uma ótima oportunidade de divulgar nossa marca com todo o glamour que o esporte envolve?, afirma Francisco Barros, diretor da Porsche.

No último Polo Day, algumas empresas apresentaram helicópteros, barcos, carros e motos que, juntos, valiam US$ 100 milhões. Para se ter uma idéia do público presente, basta ver que muitos chegavam ao local com seus próprios helicópteros. Além das partidas, os visitantes acompanhavam também desfiles de moda do estilista Ricardo Almeida. Há, contudo, quem não aprove o evento. ?É preciso tirar o pólo da coluna social e levá-lo para as páginas de esportes?, diz José Eduardo Kalil, ex-presidente da Federação Paulista de Pólo e líder da equipe São José Mitsubishi. ?Caso contrário, vai viver sempre no amadorismo, visto como um evento social?. Difícil é dissociar esporte e badalação, atletas e celebridades, já que o glamour está na essência do pólo, nascido entre nobres e que tem como representante oficial a família real inglesa. ?O público do pólo é pequeno?, diz o jogador profissional Fábio Diniz. ?Apesar do esforço, nunca será popular?.