07/09/2021 - 10:37
O julgamento de cinco homens acusados de participar dos ataques de 11 de setembro de 2001 contra os Estados Unidos avança muito lentamente nas comissões militares na Baía de Guantánamo.
Desde o anúncio das acusações em fevereiro de 2008, o caso primeiro foi arquivado e depois reaberto. A primeira audiência ocorreu em 5 de maio de 2012.
Desde então já ocorreram dezenas de audiências, todas em fase de pré-julgamento. Após uma interrupção de 17 meses devido à pandemia de covid-19, o caso foi retomado nesta terça-feira (7) com um novo juiz em um tribunal de segurança máxima da base naval que os Estados Unidos mantêm no sudeste de Cuba.
A defesa tenta mostrar que as provas apresentadas pelo governo estão contaminadas pela tortura a que os réus foram submetidos enquanto estavam sob custódia da CIA.
Os cinco homens são acusados de conspiração, terrorismo e assassinato de 2.976 pessoas nos ataques, que podem acarretar pena de morte.
– Khalid Sheikh Mohamed
Mohamed, apelidado de “KSM”, é considerado o mentor do 11 de setembro. Acredita-se que o paquistanês de 56 anos, criado no Kuwait, foi o primeiro a propor a Osama bin Laden, em 1996, atacar com aviões nos Estados Unidos.
Formado em uma universidade americana, ele trabalhou para o governo do Catar no início dos anos 1990, quando começou a tramar conspirações com seu sobrinho Ramzi Yousef, que detonou uma bomba no World Trade Center em Nova York em 1993.
Em 1994, os dois planejaram explodir aviões com destino aos Estados Unidos, procedentes das Filipinas, mas a primeira tentativa falhou: Yousef foi preso no Paquistão e extraditado para os Estados Unidos.
Quando Bin Laden aprovou o plano para os ataques de 11 de setembro, Mohamed estava no comando. Ele foi capturado em Rawalpindi, Paquistão, em março de 2003 e levado pela CIA a locais secretos no Afeganistão e na Polônia, onde foi interrogado e torturado por quatro semanas.
Em setembro de 2006, ele foi enviado para Guantánamo. Um ano depois, em uma audiência a portas fechadas, disse que não era apenas responsável pelo 11 de setembro, mas por outros ataques, como os de Bali e do Quênia, assim como o assassinato do jornalista americano Daniel Pearl.
– Ramzi Bin al-Shibh
Al-Shibh treinou em um campo da Al-Qaeda no Afeganistão em 1999, junto com outros participantes do 11 de setembro, e tornou-se parte da “célula de Hamburgo”, que incluía Mohamad Atta, considerado o líder dos sequestradores, e dois outros.
Nascido no Iêmen há 49 anos, Shibh não conseguiu obter visto americano para participar dos sequestros, mas participou da coordenação entre a célula e a Al-Qaeda.
Ele foi capturado em Karachi, Paquistão, em 11 de setembro de 2002. Nos quatro anos seguintes, ele passou por várias instalações secretas da CIA, onde foi torturado.
Em 2006 foi transferido para Guantánamo e seus advogados alegam que ele sofre de sequelas graves das torturas e o próprio governo dos Estados Unidos o declarou psicótico.
Walid bin Attash
Attash, de 43 anos, um líder da Al-Qaeda, ajudou Mohamed a planejar os ataques de 11 de setembro.
Natural do Iêmen, ele viajou para o Afeganistão e o Tadjiquistão no início da década de 1990 para enfrentar os soviéticos e perdeu parte da perna direita no Afeganistão em 1996.
Antes do 11 de setembro, tomou voos de companhias aéreas dos Estados Unidos no sudeste da Ásia para testar a segurança e, potencialmente, sequestrar e derrubar algum deles.
Ele também teria adquirido os explosivos usados no ataque suicida de outubro de 2000 contra o destróier USS Cole da Marinha dos Estados Unidos, que deixou 17 mortos.
Ammar al-Baluchi ou Ali Abdul Aziz Ali
Ele é um cidadão paquistanês originário do Kuwait e sobrinho de Khalid Sheikh Mohamed. Ele teria preparado os sequestradores para navegar na cultura ocidental e ajudado com roteiros de viagens e transferências de dinheiro para a operação.
Capturado em Rawalpindi em abril de 2003, ele foi torturado pela CIA, que o manteve sob custódia por 40 meses antes de transferi-lo para Guantánamo.
Seus advogados afirmam que durante os interrogatórios ele foi repetidamente jogado contra a parede, o que provocou danos cerebrais significativos, certificados por médicos.
Mustafa al-Hawsawi
Natural da Arábia Saudita, Hawsawi, de 53 anos, teria ajudado nos preparativos para o 11 de setembro e teria transferido dinheiro para os sequestradores junto com Baluchi.
Ele foi capturado em Rawalpindi em março de 2003, submetido a cruel interrogatório da CIA e mantido em locais secretos até ser enviado a Guantánamo em setembro de 2006.
Seus advogados afirmam que ele sofreu danos retais devido à tortura de seus captores.