27/04/2005 - 7:00
O Fantasma da Ópera, o badalado musical do eixo Londres-Nova York, visto por mais de 52 milhões de pessoas, desembarca no Brasil com um título: é o mais caro espetáculo de teatro já produzido no País. São US$ 10 milhões, o equivalente a R$ 26 milhões. É um valor 40% mais elevado que o desembolsado com A Bela e a Fera e três vezes o orçamento do filme Cidade de Deus. A quantia, aparentemente exagerada, é resultado do perfeccionismo imposto ao drama vivido na Paris neobarroca do século XIX. Em outras palavras: são duas horas de luxo, retrato fiel dos excessos e da ostentação da Belle Époque francesa. As minúcias dos 187 figurinos, além das cópias de segurança, traduzem os cuidados com o show.
A maioria dos tecidos é importada da Inglaterra, de lojas centenárias, fornecedoras de todas as produções do Fantasma ao redor do mundo. Para o terno do protagonista, por exemplo, são usados seis metros de brocado (US$ 120 o metro), enfeitados por apliques que parecem miçangas mas são antigas relíquias inglesas. Um dos vestidos mais caros em cena é o da geniosa prima-dona Carlotta. Avaliado em US$ 12 mil, ele é feito com dez metros de seda indiana, além de tafetá francês, veludo e cetim alemães e rendas inglesas.
O que se vê no palco, e o que torna o musical diferente de todos os outros, são réplicas exatas do que se usava nas ruas de Paris no início do século retrasado, como a justaposição de ?tecidos invertidos? (quando a cor da estampa de um é a mesma do fundo do outro, e vice-versa). Tecido sintético, nem pensar. ?Apesar de mais baratos, estes têm brilho e caimento muito diferentes, e não oferecem o efeito desejado?, diz Geneviève Petitpierre, supervisora de figurino. ?Nos botões usamos cristais, nada de imitação em plástico?. Um dos únicos toques de modernidade admitidos é o zíper no lugar de colchetes, para agilizar a troca de roupa. Todos os artistas usam perucas. São 160, que consumiram US$ 200 mil do orçamento, das quais 90 são feitas com cabelo natural. Na cena ?Il Muto?, ópera dentro da ópera, as próteses brancas são feitas com pêlos de yack, espécie de boi do Tibet. Não é o caso da peruca de Christine, feita de cabelo humano e que custou US$ 2.800.
As despesas foram ampliadas com o abuso de efeitos especiais. ?A queda do lustre, por exemplo, é muito mais assustadora na montagem atual do que em versões anteriores?, diz Fernando Alterio, presidente da produtora CIE Brasil. Este momento, quando o fantasma, contrariado, provoca um desastre, é a exceção que confirma a regra. A peça é uma imitação. Se fosse mesmo feito com cristais da Bavária, o prejuízo seria mais grandioso ainda que as dimensões do lustre, de meia tonelada, 2,1 metros de altura, 2,2 de largura e 3,6 de comprimento, 59 lâmpadas e 30 mil pedras. São segredos que permitem um segundo olhar ao musical que virou lenda e pôs o Brasil no roteiro dos supereventos.
Os outros musicais no Brasil
Acompanhe o custo de produção e a platéia de outros 3 super- espetáculos no Brasil
Os miseráveis – 2001
350 mil pessoas em 11 meses
US$ 3,5 milhões
Fantasma da Ópera
US$ 10 milhões é o custo da produção
A bela e a fera – 2002
600 mil pessoas em 1,5 ano
US$ 3 milhões
Chicago – 2004
250 mil pessoas em nove meses
US$ 2 milhões