16/04/2008 - 7:00
Na segunda-feira 7, Ermenegildo Zegna, neto do fundador e CEO da marca italiana que leva o seu nome, recebeu a DINHEIRO na nova loja da grife, em São Paulo, para uma entrevista exclusiva. Acompanhe:
Por que a Zegna resolveu vir para o Brasil sem intermediários?
Porque precisávamos ter um melhor relacionamento com o cliente. Já que sabemos administrar nossas lojas, é preferível administrar pessoalmente. Assim, cria-se um laço forte com o cliente que viaja o mundo inteiro e quer ver o mesmo padrão de qualidade, de serviço, de disposição da loja e de preço.
Quem vai comandar a empresa?
Será o Juan Aguillar, que fez um excelente trabalho na Zegna da Espanha. Ele ficará em São Paulo, que será a base de controle de toda a América. Queremos criar uma marca forte em cada local onde estivermos. Hoje, atuamos em 80 países e estamos crescendo 20% nos países do Brics (Brasil, Rússia, Índia e China). Fomos os pioneiros em buscar estes países e chegar antes de outras marcas. Abrimos a primeira loja na China, em 1991, e hoje temos 50 pontos de venda no país.
Como o sr. observa o mercado brasileiro?
É um país que está crescendo muito e acho que é um mercado atrativo porque os brasileiros têm bom senso para moda. O brasileiro aprecia boas marcas internacionais. Antes de ter distribuição no Brasil, muitos já compravam Zegna no Exterior. Isso é um bom sinal.
Qual é o perfil dos clientes brasileiros?
São mais jovens. Eles têm, em média, 30 anos de idade. Na Europa e nos Estados Unidos, os meus clientes têm cerca de 40 anos. Os mais jovens compram o que é acessível e o público mais maduro busca o alto luxo.
Qual são os planos do sr. para o Brasil e a América Latina?
Primeiro, vamos consolidar o que já temos. No Brasil, estamos com cinco lojas e, até 2010, abriremos mais uma em Brasília. Queremos estar presentes em todas as grandes cidades da América Latina. Até o fim deste ano, teremos 30 lojas nas grandes cidades do continente. Nos próximos três a quatro anos, queremos ter 50 lojas na região. É uma boa expansão.
O que é necessário para construir uma marca global?
É preciso estender a marca. Temos a Ermenegildo Zegna, que é a mais clássica, a Z Zegna, que é mais fashion, e, por último, a Zegna Sport. Também desenvolvemos os acessórios, sapatos e outros produtos em couro. Criamos licenças em óculos e fragrâncias.
A Zegna abriu uma loja nos EUA há cerca de um mês. Como o sr. está analisando a crise econômica?
Acho que haverá uma pequena recessão. Vai ser curta, porém profunda. Me mantenho positivo. Vamos ser atingidos este ano, mas a economia americana é forte o suficiente para reagir relativamente rápido. Eu estou preocupado com o dólar. Não será fácil trabalhar com o dólar baixo.
Como o sr. define o trabalho feito pela família Brett?
Eles são boas pessoas e sou muito grato pelo que eles e a Daslu fizeram pela nossa marca. O Brett agora é nosso sócio no Brasil. Preferimos ter um parceiro para melhor entender a cultura local, mas ainda assim controlamos a nossa marca e as nossas lojas.