02/06/2004 - 7:00
Para quem está acostumado com o ?deixe a vida me levar? que permeia a dia-a-dia do brasileiro, caminhar pelas ruas da Suécia é uma experiência e tanto. Na garupa das bicicletas, os bebês usam capacetes. Os praticantes de cooper levam fitas fosforescentes atadas aos pulsos. Os motoristas param para o pedestre atravessar mesmo que o semáforo esteja aberto para os carros. E todas as casas têm detetor de incêndio. Prevenir-se de acidentes é o esporte nacional dos suecos. E eles o praticam com verdadeira paixão particularmente na indústria automobilística. Isso ajuda a entender a Volvo, empresa símbolo do país. No último século, três das maiores invenções do setor levam a assinatura da companhia: o cinto de três pontos, o freio ABS e o airbag. E apesar de ter vendido sua divisão de carros para a Ford, ela nunca parou de investigar a fundo o tema, sobretudo na área de caminhões ? que responde por 69% do faturamento de US$ 23 bilhões. Uma nova leva de tecnologias que serão itens de série num futuro próximo está sendo testada nos laboratórios da empresa, em Gotemburgo. Em cinco anos, os caminhões virão com sensores que acionam os freios automaticamente se o motorista não guardar uma distância segura do carro da frente; câmeras que monitoram os movimentos dos olhos e, caso o condutor pegue no sono, acionam alarmes e fazem o assento vibrar; ou sensores que informam a pressão dos pneus.
Por trás de todas essas inovações existe um grupo de 30 cientistas e 20 engenheiros, que trabalha exclusivamente com sistemas de segurança. É difícil calcular quanto a empresa gasta nessa área. Sabe-se, no entanto, que entre as 32 áreas pesquisadas pela Volvo durante a montagem de um caminhão, a segurança é a que consome a maior parte da verba destinada à pesquisa e desenvolvimento, que é de US$ 1 bilhão ao ano. ?O investimento faz parte do trabalho de construção de imagem da marca?, diz Ricard Fritz, vice-presidente da Volvo. ?Nossos veículos são mais caros, mas os clientes estão cada vez mais abertos a embutir segurança nos seus custos.? A aposta em segurança é um dos fatores de sucesso da multinacional, hoje a segunda maior fabricante de caminhões pesados do mundo, com 14% de participação. Ela é dona também da francesa Renault (caminhões) e da americana Mac. A sua diferença entre a líder Daimler-Chrysler é de três pontos percentuais (ou 25 mil unidades).
O CAMINHÃO DO FUTURO
Como serão os veículos da Volvo dentro dos próximos cinco anos
1 – De olho na estrada
Uma câmera vai ler e registrar o movimento dos olhos. Se o condutor cochilar, será despertado por meio de sinais luminosos, sonoros e até vibrações no banco.
2 – Visão 360º
Câmeras instaladas na frente, nas laterais e na traseira vão registrar áreas incobertas por retrovisores. As imagens aparecerão em telas de cristal líquido no
painel do veículo.
3 – Freio de emergência
Os freios nas rodas dos caminhões serão acionados automaticamente toda vez que o motorista não obedecer a uma distância segura em relação ao veículo da frente.
4 – Pneus inteligentes
Computador de bordo informará a pressão dos pneus. O motorista receberá mensagens como ?verifique a pressão? ou ?pare imediatamente o veículo?.