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O crédito é uma via de crescimento, mas também é uma dívida, que, mal planejada, pode constituir um grande problema

Crédito para pequenas e médias empresas sempre foi artigo escasso no mercado financeiro. Preocupados com uma possível inadimplência, os bancos dão pouca atenção a esse tipo de segmento. Mas isso está mudando. Nos últimos tempos, novos caminhos que levam ao dinheiro estão se abrindo.O Paraná Banco, especializado em crédito consignado, começou a oferecer, no final de 2007, linhas a empresas com faturamento entre R$ 30 milhões e R$ 300 milhões no Paraná, e agora também em São Paulo. “A expansão faz parte de nossa estratégia de crescimento”, informa o diretor comercial André Malucelli. “O mercado de MPEs tem grande potencial e não oferece barreiras comerciais de entradas significativas.” Os produtos disponíveis são empréstimos com garantias de recebíveis, desconto de duplicatas e cheques, conta garantida (cheque especial para fluxo de caixa) e capital de giro. As linhas são de curto e médio prazo (de 30 dias a 24 meses) e as taxas “são muito parecidas” com a média do mercado, segundo Malucelli – CDI mais juros de 1,2% ao mês. A instituição, que atualmente possui 150 clientes médios com uma carteira de R$ 150 milhões, estima, para seu primeiro ano em São Paulo, de 200 a 300 novos clientes e uma carteira de R$ 500 milhões.

O BNDES também oferece boas linhas de financiamento para esse segmento. A redução dos juros para 4,5% ao ano na compra de máquinas e equipamentos nacionais até 31 de dezembro próximo (no caso de ônibus e caminhões, a taxa é de 7%) provocou, nos últimos dois meses, um aumento expressivo na demanda por financiamentos. “As MPEs vêm crescendo em participação tanto em valores quanto em número de operações”, informa Edson Moret, gerente da área de operações indiretas do BNDES. Segundo ele, antes de sentir os efeitos do estímulo, em julho passado, essa área financiou um total de R$ 2,6 bilhões. Em agosto, o volume pulou para R$ 3,3 bilhões e em setembro foi para R$ 3,6 bilhões. Entre os produtos do BNDES, estão o Finame (destinado à compra de equipamentos e com financiamento de 100%) e o Finame Leasing (80%). Os prazos de pagamento são de até 96 meses, no caso de equipamentos de transporte, e de até 120 meses para outros aparelhos. Financiamentos de até R$ 10 milhões são realizados por meio de um agente financeiro, e acima desse valor a operação é feita diretamente com o BNDES (à exceção de equipamentos isolados). Há também linhas para capital de giro (Progerem e Tec) e crédito pré-aprovado, como o cartão BNDES, para a compra de bens, insumos e serviços, como computadores e motocicletas de entrega. Já o BNDES automático financia pequenos projetos, como ampliação de galpões e obras civis.

O BNDES é uma boa fonte de financiamento para negócios de pequeno porte, em função dos juros mais amigáveis. Mas a burocracia, às vezes, incomoda

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Malucelli, do Paraná Banco “O mercado de MPEs tem grande potencial e poucas barreiras comerciais de entrada

Diante da variedade de linhas, a melhor forma de escolher é fazendo um planejamento detalhado. “Crédito viabiliza oportunidades, mas é também uma dívida e, mal administrada, pode comprometer a capacidade de pagamento da empresa”, diz Alexandre Guerra, gerente da unidade de acesso a serviços financeiros do Sebrae Nacional. E quanto mais pressa o cliente tiver, mais caro ele vai pagar. “Muitas vezes, o pequeno empresário escolhe o cheque especial pela agilidade oferecida, em vez de programar-se para uma linha de capital de giro, por exemplo, que tem juros mais baixos”, afirma Guerra. Outro erro comum, aponta ele, é não se informar sobre as linhas existentes no mercado. Segundo uma pesquisa do Sebrae feita em maio último com 1,3 mil empresários, as pequenas empresas possuem conta-corrente em 2,2 bancos, em média. “Por isso é importante comparar não só produtos dentro de uma instituição, mas entre outras também. Checar prazos e condições de pagamento, assim como exigências requeridas e tributos diretos e indiretos, são medidas que fazem valer o seu dinheiro”, afirma ele. Educar-se sobre o assunto não é bicho de sete cabeças. Os bancos têm sites com o portfólio de seus produtos e serviços, e conversar com colegas empresários, federações de classe e o próprio Sebrae é outra medida inteligente, diz Guerra. “A verdade é que os gerentes de banco tentam vender o que dá mais retorno à instituição. Se o cliente chegar bem informado, ele só tende a se beneficiar na negociação.” (J.G.)

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