01/02/2006 - 8:00
Imagine um globo da morte, aquela esfera de aço, onde motociclistas rodam, apresentando seu número circense. Assim são as maiores cidades da China. Há tantas motos quanto carros. Em Xangai, umas das maiores cidades do país, com 13 milhões de habitantes, existem 1,2 milhão de motocas e 900 mil carros. O problema é que o mercado está ficando saturado. Por isso os produtores chineses têm se voltado ao exterior. E estão de olho no Brasil, seduzidos por um setor que produziu 1,2 milhão de motocicletas em 2005, crescendo 14% e movimentando R$ 2,3 bilhões.
A Traxx, empresa do grupo China Jialing, líder chinês no mercado de motos, com capacidade de produção de dois milhões de unidades ao ano, acaba de anunciar que montará uma fábrica de US$ 3 milhões em Manaus. ?A produção começa ainda em 2006, com 100 empregados e capacidade para 50 mil motos ao ano?, disse a DINHEIRO Zhou Yu, presidente da Traxx no Brasil. ?Queremos 5% do mercado nacional até 2009.?
A notícia é muito boa, segundo Moacyr Paes, diretor da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas (Abraciclo). ?Enquanto muitos setores estão deixando de produzir aqui para transferir a fabricação para a China, as fabricantes de motos chinesas é que estão vindo para cá?, afirma. ?No caso dessas três empresas orientais, a intenção é produzir motocicletas de baixa cilindrada, modelos de 125, 90 e até 50 cilindradas – quase como as antigas mobiletes?, explica Paes. Os preços devem variar de R$ 3,2 mil a R$ 5,9 mil ? valores bem competitivos, já que o modelo mais barato atualmente no mercado nacional custa R$ 2,9 mil (a Sundown Hunter 90, com 90 cilindradas). Esse modelo foi lançado em setembro e inaugurou no País uma nova categoria, a de motos com menos de 125 cilindradas. Antes dele, a moto mais barata era a Honda C100 Biz, de R$ 4,4 mil.
A Cross Lander é outra fabricante chinesa que está chegando a Manaus. A empresa já monta um modelo de veículo utilitário, tipo jipe, na Zona Franca, e agora produzirá motos de 150 cilindradas em parceria com a chinesa Chong Quing. O investimento é de US$ 100 mil. Já a Haobao está aplicando R$ 10,7 milhões em uma planta onde trabalharão 100 pessoas.
Os fabricantes que já estão no Brasil ? como as japonesas Honda, maior fabricante local, com 85% do mercado, e Yamaha ? não comentam a invasão chinesa. Mas especialistas do setor dizem que o silêncio é só para inglês ver. A Honda tambêm estaria preparando um projeto de uma moto de baixo custo. O objetivo? Oferecer resistência às novatas chinesas.