14/05/2010 - 6:00
O acordo foi costurado pelo Itaú Unibanco, em um rápido contra-ataque para conter o avanço de Bradesco e Banco do Brasil no mercado de cartões após a criação da bandeira Elo. Mas o que as duas novas parceiras têm a ver com o Itaú Unibanco? Tudo. A instituição das famílias Setubal, Villela e Moreira Salles é sócia da Redecard e dona da Hipercard, marca de cartões popular nas regiões Norte e Nordeste.
Roberto Medeiros, presidente da Redecard
O Itaú Unibanco tinha um problema dentro de casa: duas companhias que realizavam o mesmo serviço e, portanto, concorriam. Nessas condições, o maior beneficiado eram os bancos rivais, que contam apenas com a Cielo para fazer as transações nas maquininhas de cartões. Como não faz sentido ter duas redes, os negócios da Hipercard, que é tanto uma bandeira (como Elo, Visa e MasterCard) quanto uma credenciadora de lojistas (como Redecard e Cielo), serão mais bem aproveitados. Nessa acirrada disputa, a Hipercard vai engordar o poder de fogo de sua nova parceira ? serão 470 mil lojistas, o equivalente a 8% de participação de mercado. ?Vamos aprofundar a relação até onde fizer sentido?, diz Roberto Medeiros, presidente da Redecard.
Destaque no pregão
Ponto para o Pão de Açúcar
O Pão de Açúcar ganhou um importante reforço. Os resultados do Ponto Frio melhoraram a performance do grupo, que lucrou R$ 126 milhões no primeiro trimestre. As lojas que têm um pinguim como símbolo registraram, no mesmo período, vendas líquidas de R$ 1,25 bilhão ou 18% do total de vendas do grupo. O desempenho mostra que a integração entre as redes está sendo benéfica. Porém, as ações do Ponto Frio e do Pão de Açúcar não refletem esse ganho. Do início do ano até a quinta-feira 13, elas estavam em baixa de 17% e 9%, respectivamente.
Palavra de analista
O desempenho do Pão de Açúcar vai depender do encerramento das negociações com a Casas Bahia. O investidor ficou receoso com a possibilidade de o acordo ser desfeito e deixou a ação de lado. Por isso, a decisão de Abilio Diniz de injetar R$ 1 bilhão nos negócios da família Klein pode ajudar o papel a recuperar sua trajetória de alta. Para o Barclays, o momento atual é bom para quem está pensando em comprar a ação do grupo.
Bancos
Banco do Brasil lucra alto
O Banco do Brasil foi a última das três maiores instituições financeiras brasileiras a apresentar seus resultados trimestrais. O lucro líquido de R$ 2,35 bilhões coloca o banco na segunda colocação entre os maiores retornos nos três primeiros meses do ano na história do mercado financeiro. O primeiro lugar é do Itaú, que lucrou R$ 3,23 bilhões neste início de 2010. Para a Ativa Corretora, o destaque foi o crescimento de 39,4% da carteira de crédito, que tem o vice-presidente Paulo Caffarelli no comando. Para o ano, o crédito deve continuar em ascensão.
Quem vem lá
De volta para a gaveta
A incerteza com a saúde financeira de alguns países europeus mexeu com os projetos das empresas brasileiras. O banco Cruzeiro do Sul, que planejava captar recursos no mercado de capitais, voltou atrás e colocou a papelada na gaveta. Primeiro, houve a suspensão da oferta pública de ações. Na segunda-feira 10, a instituição suspendeu a emissão de dívida no Exterior. A GRV Solutions, que faz a gestão de riscos de crédito, e a WTorre Empreendimentos Imobiliários estão registradas na CVM desde fevereiro, mas ainda hesitam em dar continuidade ao processo de oferta de papéis na bolsa.
Fique de olho: A Brasil Insurance Participações, união de 23 corretoras de seguros, está na fase de análise de viabilidade do projeto.
Educação financeira
Se as crises servem de aprendizado, o colapso nas bolsas mundiais na década de 1920 deve ser a lição básica para os profissionais e leigos do mercado financeiro. Para esmiuçar os personagens daquele caos econômico, a Campus lança Os donos do dinheiro, de Liaquat Ahamed.
Touro x urso
O pacote de ajuda à Grécia trouxe alívio aos mercados financeiros. Com a BM&FBovespa, não foi diferente. O Ibovespa subiu 3% entre segunda-feira e quinta-feira da semana passada. Mas o principal índice do mercado brasileiro de ações ainda está 11,1% abaixo do pico de 71,9 mil pontos. Para a semana, as incertezas sobre a economia europeia ainda predominam e ditam o humor das bolsas de valores em todo o mundo. Na segunda-feira 17, serão conhecidos dados de inflação no Reino Unido e na União Europeia. Já na quinta-feira 20 será divulgado o resultado da confiança do consumidor no bloco europeu. Nos EUA, índices de inflação ao produtor (18) e ao consumidor (19) também são esperados.
Vedetes da semana
As 10 mais do Ibovespa
Micos da semana
Desempenho das empresas por setor de atividade econômica
Termômetro do mercado
Bolsa no mundo
Personagem
O projeto global da Fras-Le
Daniel Randon, diretor- superintendente e de relações com investidores
A Fras-Le está atenta ao mercado internacional. A empresa de fabricação de peças automotivas da família Randon está instalada nos EUA e na China e tem feito um grande esforço para aumentar suas vendas no mercado externo. O resultado está no balanço do primeiro trimestre.
As exportações foram de R$ 22,4 milhões, aumento de 40% na comparação com o mesmo período do ano passado. Para o ano, a empresa projeta um resultado internacional de US$ 88 milhões. Mas sem esquecer do mercado interno. ?A prioridade é a melhoria da capacidade produtiva nas nossas linhas de produção brasileira e chinesa?, diz Daniel Randon, diretor-superintendente e de relações com investidores, que falou com a DINHEIRO:
DINHEIRO ? A Fras-Le já pode ser considerada uma multinacional?
RANDON ? Estamos aprendendo a ser globais. Começamos como exportadores de produtos e agora estamos presentes como fornecedores nos EUA e na China.
DINHEIRO ? Qual é a estratégia internacional?
RANDON ? Mesmo com a crise, mantivemos sem alteração os projetos fora do Brasil. Tivemos despesas pré-operacionais na China. Nos EUA, a fábrica está trabalhando abaixo da sua capacidade. E no continente europeu montamos um centro de distribuição na Alemanha para buscar mais clientes.
DINHEIRO ? De todos os países, a China é a grande aposta?
RANDON ? É o mercado com as maiores oportunidades. Começamos a exportar para lá em 2001, mas o tempo de viagem e o custo nos deixavam menos competitivos. A China está em crescimento e nossa fábrica está próxima das montadoras.
DINHEIRO ? Qual é o plano de investimento?
RANDON ? Planejamos investir R$ 38 milhões neste ano, acima dos R$ 27 milhões do ano passado. A prioridade é a melhoria da capacidade produtiva nas nossas linhas de produção brasileira e chinesa.
DINHEIRO ? Há possibilidade de aquisições?
RANDON ? É importante saber aproveitar o momento. As oportunidades de aquisição surgem quando uma empresa está saindo do mercado, o que ocorreu na crise.Compramos nossa fábrica no Alabama (EUA) quando uma concorrente enfrentou dificuldades. A compra nos ajuda, hoje, a ter custos baixos e manter a competitividade.
DINHEIRO ? Como está o caixa?
RANDON ? Temos R$ 180 milhões e nossa dívida líquida é pequena. Não temos obrigações que ultrapassem quatro meses de geração de caixa. Para um projeto maior, podemos usar a alavancagem ou recorrer ao mercado de capitais.
Pelo mundo
Morgan Stanley na berlinda
As ações do banco Morgan Stanley recuaram 2,04% no pregão da quarta-feira 12 em Wall Street. Depois do Goldman Sachs, a instituição presidida por James P. Gorman estaria sendo investigada pelas autoridades americanas por ter enganado os investidores na compra de títulos subprime.
S.O.S. Fannie Mae
A Fannie Mae, empresa que financia hipotecas nos
Estados Unidos, divulgou na segunda-feira 10 que o resultado do primeiro trimestre gerou déficit líquido de US$ 8,4 bilhões. Por essa razão, a Agência Federal de Financiamento de Imóveis solicitou ao Tesouro americano um novo aporte na companhia de exatos US$ 8,4 bilhões até 30 de junho. Entre janeiro e março, a empresa teve prejuízo de US$ 11,5 bilhões.
Macy?s reverte prejuízo
A ação da loja de departamento Macy?s subiu 3,35% na quarta-feira 12, dia do anúncio do balanço do primeiro trimestre da companhia presidida por Terry Lundgren. A Macy?s reverteu o prejuízo de um ano atrás e teve lucro de US$ 23 milhões, impulsionado pelo retorno dos compradores às lojas dos Estados Unidos.