16/07/2008 - 7:00
NAS PRÓXIMAS SEMANAS, A G5 Advisors finaliza o seu primeiro grande negócio de fusão e aquisição no ano. A butique de assessoria financeira, que tem entre os sócios Francisco Gros, ex-presidente do Banco Central, aguarda a assinatura do contrato de venda do São Marcos, empresa de shopping centers da família Marinho para o grupo Ancar. O valor da transação ainda não foi divulgado, mas deve ultrapassar os R$ 500 milhões. O desejo dos sócios da G5 é que o dinheiro recebido pela família Marinho permaneça dentro da butique. Em vez de sair à procura de um private banking, na sala ao lado o cliente encontra a área de gestão de fortunas. Como os médicos de família, os sócios da G5 querem ser os doutores de investimentos para os clientes de alta renda.
Os cinco nomes que compõem a G5 trazem a experiência de ter passado por grandes instituições financeiras. Como na medicina, cada um dos sócios é especialista em um tipo de operação. A área de gestão de fortunas será comandada por Renato Klarnet e André Benchimol, que passaram por Morgan Stanley, JP Morgan Chase, Pactual e Safdié. “As butiques no Exterior são criadas por pessoas muito experientes e a G5 é a primeira com esse modelo no País”, diz Corrado Varoli, que foi sócio do Goldman Sachs de 1999 a 2006 e chefiou todos os processos de fusão e aquisição do banco na América Latina nesse período. Para completar o time, Marcelo Lajchter é o único que não veio de bancos. Por dez anos trabalhou no escritório de advocacia Barbosa, Mussnich & Aragão na área de fusões e aquisições. Francisco Gros, com 1% das ações, tem sua cadeira reservada assim que decidir seu futuro na OGX. Por enquanto, ocupa o cargo de conselheiro de investimentos. “O Francisco Gros traz o conhecimento do mercado brasileiro”, completa Varoli.
O carro-chefe da butique é a assessoria para fusões e aquisições. A G5 enxerga um grande filão a ser explorado com o início da consolidação de diversos setores. Não por acaso, grandes bancos de investimento também estão de olho nesse mercado. A proposta da G5 para se diferenciar é estar alinhada aos interesses da família. Diferentemente dos concorrentes, a G5 não traz nenhum produto na sua prateleira que provoque um possível conflito de interesses. “Os bancos são advisors e podem ser, também, potenciais compradores”, diz Lajchter. A negociação entre o São Marcos e o Ancar é a terceira assessoria desde que a G5 foi criada no segundo semestre do ano passado.Na mesa da G5, outras cinco operações que envolvem fusões e aquisições estão em andamento e na gaveta outros cinco mandatos estão assinados.
A área de gestão de riquezas segue o mesmo lema utilizado nas fusões e aquisições. A G5 definiu uma taxa fixa de 1% sobre o patrimônio. Essa escolha procura evitar uma prática comum nas butiques: cobrar um percentual menor de administração para receber uma compensação de determinados fundos. “Queremos ter a liberdade para investir nos melhores sem pensar nos rebates”, diz Klarnet. Os descontos conseguidos com os fundos são repassados para as cerca de 40 famílias que já colocaram sob os cuidados da butique R$ 300 milhões. Até agosto, uma nova sala será ocupada pela G5 Asset. A gestora de recursos será dirigida por André Zylberberg, com passagem pelo Pactual. Dois fundos de investimento, com espelhos no Exterior para captar recursos estrangeiros, serão lançados após autorização da CVM.