09/04/2008 - 7:00
MANTER O EQUILÍBRIO CORRETO ENTRE a segurança e o risco é um desafio diário nas mesas de operações do mercado financeiro. Quem é muito conservador não ganha tudo o que pode nos momentos de bonança. E quem arrisca demais pode quebrar a cara nos tempos de turbulência. Moderação, tanto na alta quanto na baixa, pode ser a melhor saída para os gestores de recursos que não querem perder o pé na competição acirrada pelo dinheiro dos investidores de longo prazo.
Pelo menos para o equilibrista da foto ao lado, Wilson Toneto, presidente da Mapfre DTVM, a estratégia do meio-termo tem funcionado bem. A Mapfre, cujo principal negócio é o mercado de seguros e planos de previdência, está se destacando como gestora de fundos de investimentos. Afinal, administrar riscos é seu ganha-pão.
Seus fundos de investimentos, que não tiveram um desempenho muito vistoso no ano passado, viraram o jogo. O multimercado Mapfre Inversion, por exemplo, encerrou o primeiro trimestre com alta de 5,41%, o dobro da variação do CDI no mesmo período (leia quadro) e quase cinco vezes a variação média dos fundos multimercado com renda variável.
Enquanto isso, o Ibovespa caiu mais de 5%. Como tem baixa exposição à bolsa (10% da carteira, no máximo), ficou mais protegido das perdas recentes nos mercados de ações. Por outro lado, no ano passado, quando o Ibovespa subiu 43,7%, o Mapfre Inversion valorizou-se somente 26,8%. Melhor assim, avalia Toneto. Na cartilha da empresa, o mais importante é entregar uma rentabilidade contínua para o investidor. ?Existem ciclos de perdas no mercado financeiro, assim como existem ciclos de sinistros nos seguros. Somos especialistas em gestão de risco?, diz Toneto.A espanhola Mapfre repete no Brasil uma experiência que vem dando certo em outros países, a oferta de fundos. Mundialmente, a seguradora espanhola faz a gestão de uma carteira de ? 44,8 bilhões. No Brasil, a Mapfre DTVM administra R$ 2 bilhões. Aqui, outras duas concorrentes atuam nessa área. A SulAmérica, que faz a gestão de R$ 9,13 bilhões, e o Icatu Hartford, com R$ 3,81 bilhões.
A estratégia da Mapfre é conquistar os investidores com o perfil conservador. A lógica é a seguinte: ainda é pequena a parcela de brasileiros com apetite ao risco. Por isso, ao lançar um novo fundo multimercado em dezembro de 2007, foi descartada a possibilidade de uma gestão agressiva. Apesar do nome, o fundo Mapfre Inversion Arrojado também tem pouca exposição à bolsa e não pode alavancar seu patrimônio, atualmente em R$ 13,8 milhões. Mas isso não quer dizer que os clientes mais ousados terão de bater às portas das concorrentes para investir em bolsa.
Toneto pretende lançar ainda em 2008 um fundo de ações, projeto adiado duas vezes devido à crise do subprime nos EUA e o colapso do banco Bear Stearns, em fevereiro.
Atualmente, 10 pessoas cuidam da estratégia e das carteiras da Mapfre DTVM. Com um time enxuto e contratando serviços de especialistas, como a custódia do Bradesco, a gestora tem um diferencial importante: baixas taxas de administração. O Mapfre Renda Fixa FIC cobra 0,75% ao ano para investidores que aplicam a partir de R$ 200. Para aplicações acima de R$ 30 mil, a taxa é de 0,45% no Mapfre Renda Fixa Plus. Os cotistas agradecem.